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domingo, 16 de janeiro de 2011

Do blog do Alberto Murray


Volto ao tema devido à sua importância. Você, cidadão brasileiro, já experimentou ligar para o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e pedir cópia dos estatutos? Eles não entregam, tampouco informam em que Cartório ele está registrado. Com a maior cara lavada, dizem que são entidade privada.

Ah, então está bem! É a única pessoa jurídica de dinheiro privado que se sustenta com dinheiro público, advindo da Lei Piva e de repasses do Ministério do Esporte.

Sabem por que escondem tanto esses estatutos? Porque sabem que ele é leonino, ilegal e inconstitucional.

A gestão de Carlos Nuzman inseriu nos estatutos do COB o famigerado artigo 26, que diz que somente brasileiros natos, maiores de 35 anos e que estejam nos poderes da entidade há pelo menos cinco anos podem ser candidatos a presidente e vice presidente. Ou seja, somente quem tiver sido eleito na chapa de Carlos Nuzman e com ele estiver há pelo menos dois mandatos, poderá ser candidato.

Vocês acham que alguum dia, nessas circunstâncias, haveria chance de candidatura de oposição? Nuzman controla a Assembléia Geral com mãos de ferro. Em cinco anos, qualquer movimento oposicionista, por menor que fosse, seria fortemente sufocado pela presidência do COB.

Como se não bastasse a ignomínia jurídica do artigo 26, Nuzman Primeiro e Único, também colocou nos estatutos disposição que para que uma chapa tenha sua candidatura aceita, deve ser apresentada por pelo menos 10 Confederaçoes. Outro casuísmo para frear movimentos de oposição.

Isso tudo é muito ruim para o esporte. É péssimo para a democracia. Nuzman não faz bem ao esporte. E não gosta de democracia.

Sendo o COB um órgão que vive de dinheiro público, vocês que leem este texto, acham que é legal privar qualquer cidadão brasileiro de postular a presidência, ou a vice-presidência? Vocês, que com seus impostos sustentam a luxúria do COB, acham justo não ter acesso aos estatutos desta entidade?

Nuzman está fazendo com que o COB seja um organismo com fim em si próprio. O fato concreto é que Nuzman e seu Comitê, hoje, nadam em dinheiro público. E que o COB não se presta a outra atividade, desde que ele assumiu, que não organizar eventos. É um órgão organizador de eventos e distribuidor de uniformes. Rigorosamente nada além disso. Com tanto dinheiro, bem que poderia o COB estabelecer políticas de massificação do esporte. Há recursos, mas falta boa gestão e vontade política.

Nuzman muda o estatuto porque tem paúra de oposição. Assim, por meio de casuísmos, vai tentando perpetuar-se no poder, para absoluto desgosto de quem gosta de esportes.

Nuzman deveria ter a grandeza de democratizar os estatutos do COB, ampliar o Colégio Eleitoral. Mas ele não tem esse objetivo.

As piruetas estatutárias que Nuzman dá para manter-se a força no poder são ilegais e imorais.

E asseguro que os atletas, técnicos e pessoas que apreciam o esporte, não gostam de Carlos Nuzman. Ouço muitas críticas severas a ele. Até mais duras do que aquelas que costumo desferir.

Nuzman somente vai aprender quando, saturados, os atletas compreenderem a força que têm e decidirem fazer greve, recusando-se a competir enquanto não houver mudanças profundas no COB.

Lembremo-nos de que a reação do atletas foi essencial para defenestrar Nelson Natas da Confederação Brasileira de Tênis.

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