Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 3 de outubro do Diário de S. Paulo
Só planejamento não basta para tirar o basquete da lama
Nos últimos dias, a Confederação Brasileira de Basquete (CBB) anunciou com toda a pompa o planejamento do ciclo olímpico das seleções masculina e feminina, para o ciclo 2009-2012.
Nos dois comunicados, a entidade que comanda o basquete nacional lista uma série de competições que contará com a participação das duas equipes, como Copa América Pré-Mundial, os respectivos Mundiais (Turquia, no masculino, e República Tcheca, no feminino), Jogos Pan-Americanos de Guadalajara (Mex), Pré-Olímpico das Américas e até mesmo o Pré-Olímpico mundial. Tudo de olho nos Jogos de Londres, em 2012.
Bem, descontando-se o fato de que não é mais do que obrigação para qualquer multinacional, entidade esportiva ou time de várzea traçar um plano de trabalho a médio e longo prazo, a CBB me passa a impressão de querer passar uma imagem de organização que está longe de possuir. Até porque não há planejamento do mundo, por melhor que seja concebido, capaz de resolver os problemas insolúveis naquele que já foi o segundo esporte mais popular do Brasil.
Crise para todos os gostos
O caso do basquete masculino é típico: sem conseguir se classificar para os Jogos Olímpicos desde 1996, quando ficou em sexto lugar em Atlanta, a seleção brasileira acumula fracassos em Pré-Olímpicos e Mundiais, sofre com crises de relacionamento e pedidos de dispensa de atletas e passa pelo vexame de ter que contratar um técnico espanhol de segunda linha para comandar a seleção nacional. O feminino, que ficou num melancólico 11 lugar nas Olimpíadas de Pequim, sofre com o êxodo cada vez maior de jogadoras, deixando os torneios internos fracos e com pouca competitividade. O que dizer, por exemplo, do fato do Campeonato Nacional feminino ter apenas nove participantes e classificar oito deles para os mata-matas decisivos? Desculpem-me a sinceridade, mas não há planejamento que dê jeito nisso.
Copa verde-e-amarela
Não há nenhuma dúvida de que o título da Copa do Mundo de futsal, que está sendo realizada no Rio de Janeiro e em Brasília, ficará em mãos brasileiras. Calma, não se trata de um ataque agudo de patriotismo. Mas o fato é que além da própria seleção brasileira, que é a grande favorita, há jogadores brazucas espalhados na Espanha, Itália (toda a seleção) e Rússia.
Estranha eleição
Fico pensando, cá com os meus botões, o que levou o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) a promover, quase na calada da noite, a eleição que reelegeu, mais uma vez, Carlos Arthur Nuzman para o comando da entidade, a qual ele já dirige desde 1995, segundo revelou ontem o jornal “Folha de São Paulo”. Será que o decepcionante desempenho nacional em Pequim tem a ver com isso?
Foto: reunião na CBB que acertou o planejamento olímpico da seleção brasileira masculina
Crédito: Divulgação/CBB
A coluna DIário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada todas as sexta-feiras no DIário de S. Paulo
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