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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Brasil Olímpico (18)

Do jornal O Estado de S. Paulo - edição de 13 de fevereiro de 2011

Potência olímpica? É tarde demais
Meta do COB para o Rio é levar o Brasil ao top 10 no quadro de medalhas. Mas não há tempo para formar campeões do zero

Valéria Zukeran



O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) tem buscado se informar com especialistas sobre o que fazer para tornar o Brasil uma potência olímpica até 2016. Na recente apresentação da mais tradicional equipe de atletismo do País, a BM&F, o diretor, Sérgio Coutinho Nogueira, contou que foi um dos procurados pela entidade. "Eles me perguntaram o que poderia ser feito captar talentos e a criar um campeão para 2016. Minha resposta foi: "É tarde demais". Basta pensar que a Maurren (Maggi) levou 13, 14 anos das primeiras competições até que chegasse ao ouro em Pequim (no salto em distância)."

Em setembro do ano passado, o COB divulgou sua meta para a Olimpíada do Rio: subir do atual 23.º lugar no quadro de medalhas, obtido em Pequim em 2008, para 10.º. É um objetivo ousado se considerado o fato de que o Brasil conquistou 15 medalhas na China (3 de ouro) contra 40 da França, que ficou em 10.º (7 de ouro). Nos bastidores esportivos há consenso de que um país costuma conquistar, em média, metade das medalhas de ouro nas modalidades em que se considera entre os favoritos. A conta do COB é que, dos atuais 8 ouros, o Brasil passe a lutar por 13 em 2016. Porém o plano pode dar errado se outros países progredirem mais.

O cruzamento de informações entre o quadro de medalhas e o programa olímpico de Pequim mostra que as principais conquistas das três maiores potências nos Jogos tiveram origem nas 10 modalidades que mais oferecem medalhas (veja abaixo). A China conquistou ouro em 8 dos 10 esportes mais "medalheiros", enquanto os Estados Unidos ficaram no mais alto do pódio em 7 e a Rússia em 5.

Não fica difícil concluir que, para um país se tornar potência olímpica, será necessário forte investimento nos esportes mais generosos na oferta de ouros. A China percebeu a relação, tanto que, no balanço dos Jogos de 2008, já anunciava o aumento dos investimentos em modalidades que proporcionam muitas medalhas - como, por exemplo, o ciclismo - com o objetivo de aumentar sua hegemonia.

No Brasil. Se tomarmos o exemplo dos campeões olímpicos nacionais, a constatação é de que a observação de Coutinho Nogueira extrapola os limites do atletismo. Em geral, a trajetória da iniciação de um talento até o ouro levou mais de uma década, casos de Robert Scheidt e Cesar Cielo, quando não duas, como com Maurren Maggi e Rogério Sampaio.

Nas confederações, os dirigentes são cautelosos na hora de opinar se é possível revelar e preparar um campeão olímpico em cinco anos. "Nunca podemos descartar a possibilidade do surgimento de um fora de série, mas sabemos que, pelo menos no caso do judô, a base da equipe que representará o Brasil em 2016 já se destaca em Mundiais das categorias de base e começa a disputar vagas nas seletivas para a seleção permanente olímpica principal", observa o coordenador técnico da Confederação Brasileira de Judô, Ney Wilson.

A natação usa estatísticas para fazer a projeção de seus campeões olímpicos em 2016 baseada em uma pesquisa organizada pelo supervisor Ricardo de Moura, que aponta os medalhistas em potencial. Boa parte já compete na categoria adulta.

Nem mesmo esportes no qual os talentos precisam nascer precocemente, como a ginástica, a perspectiva de um campeão em cinco anos é vista com otimismo porque, se é possível termos campeãs com 16 anos, foi por meio de crianças que competiam em média 8 anos antes.

Nas modalidades nas quais o Brasil não tem tradição, como a luta olímpica e o tiro (apesar de o esporte ter proporcionado a primeira medalha olímpica brasileira), isso é considerado impossível. Na luta, ainda há a esperança de captar talentos vindos de outras modalidades. "Talvez seja possível criar um campeão olímpico em cinco anos se ele tiver base de outro esporte de luta, principalmente o judô. Mas acredito que, hoje, 80% da nossa equipe olímpica de 2016 já esteja praticando luta", diz o superintendente da Confederação Brasileira de Lutas Associadas (CBLA), Roberto Leitão.

No tiro a tarefa é mais inglória. Esperanças olímpicas são obra do acaso, como o jovem Felipe Wu, prata nos Jogos Olímpicos da Juventude. Filho de chineses praticantes do tiro, o jovem foi iniciado cedo. "Mas isso é difícil de ocorrer no Brasil. Há preconceito em relação ao esporte. Muitos pais associam o tiro esportivo com violência, apesar de isso estar longe da realidade", garante o assessor da presidência da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo, Ronaldo Silva Freire.

A conclusão ao conversar com técnicos e dirigentes esportivos é preocupante: com exceção de algum talento excepcional, o investimento no esporte desde o anúncio do Brasil como sede olímpica servirá para 2020. A colheita do COB em 2016 será, fundamentalmente, resultado das sementes plantadas nas categorias de base entre 1996 e 2000.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Como o COB vai distribuir as
verbas da Lei Agnelo/Piva em 2011

Nesta segunda-feira, o COmitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou, através de um comunicado à imprensa, como será a distribuição dos recursos da Lei Agnelo/Piva, com base na arrecadação das loterias, para as confederações olímpicas em 2011. Segundo o comunicado do COB, "a proposta é diminuir a diferença entre as confederações que já dispõem de patrocínios e as que ainda não contam com este tipo de recurso."

Sei não. Todas as confederações tiveram um aumento na verba destinada. Até mesmo entidadses que nada receberam em 2010, ganharão um troquinho" em 2011, casos do golfe e rugby, duas modalidades que integram o programa olímpico dos Jogos de 2016, no Rio de Janeiro.

A impressão que fica é que o COB decidiu abrir um pouco mais o cofre talvez com medo da concorrência de projetos alternativos de patrocínio, como o da Petrobrás - que destinará R$ 265 milhões para atletas do boxe, remo, esgrima, taekwondo e levantamento de peso -, cuja verba irá diretamente para as respectivas confederações, sem passar pelo COB.

Abaixo, os valores da verba da Lei Agnelo/Piva de cada confederação para 2011:

Atletismo - De R$ 2.825.000,00 em 2010 para R$ 3.000.000,00
Badminton - De R$ 904.000,00 para R$ 1.300.000,00
Basquete - De R$ 1.921.000,00 para R$ 2.100.000,00
Boxe - De R$ 1.582.000,00 para R$ 1.700.000,00
Canoagem - De R$ 1.808.000,00 para R$ 2.300.000,00
Ciclismo - De R$ 1.808.000,00 para R$ 2.300.000,00
Desportos Aquáticos - De R$ 2.825.000,00 para R$ 3.000.000,00
Desportos na Neve - De R$ 678.000,00 para R$ 800.000,00
Desportos no Gelo - De R$ 678.000,00 para R$ 800.000,00
Esgrima - De R$ 1.017.000,00 para R$ 1.100.000,00
Ginástica - De R$ 2.599.000,00 para R$ 2.800.000,00
Golfe - R$ 500.000,00
Handebol - De R$ 2.599.000,00 para R$ 3.000.000,00
Hipismo - De R$ 2.034.000,00 para R$ 2.900.000,00
Hóquei sobre a Grama - De R$ 904.000,00 para R$ 1.300.000,00
Judô - De R$ 2.825.000,00 para R$ 3.000.000,00
Levantamento de Peso - De R$ 904.000,00 para R$ 1.100.000,00
Lutas Associadas - De R$ 1.017.000,00 para R$ 1.500.000,00
Pentatlo Moderno - De R$ 904.000,00 para R$ 1.300.000,00
Remo - De R$ 1.808.000,00 para R$ 1.900.000,00
Rugby - R$ 500.000,00
Taekwondo - De R$ 1.130.000,00 para R$ 1.200.000,00
Tênis - De R$ 1.469.000,00 para R$ 1.800.000,00
Tênis de Mesa - De R$ 1.808.000,00 para R$ 2.300.000,00
Tiro com Arco - De R$ 904.000,00 para R$ 1.300.000,00
Tiro Esportivo - De R$ 1.469.000,00 para R$ 2.000.000,00
Triatlo - De R$ 1.356.000,00 para R$ 2.000.000,00
Vela e Motor - De R$ 2.825.000,00 para R$ 3.000.000,00
Vôlei - De R$ 2.825.000,00 para R$ 3.000.000,00

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Os eleitos pelo COB para concorrer
ao prêmio de Melhor Atleta de 2010


Murilo concorre ao prêmio de Melhor Atleta do Ano/Crédito: CBV
 O Comitê Olímpico Brasileiro (COB) anunciou nesta sexta-feira quem são os atletas que concorrem ao prêmio de Melhor do Ano no Esporte em 2010. A festa acontecerá no dia 20 de dezembro, no Teatro do MAM, no Rio. No masculino, estão concorrendo Cesar Cielo (natação), Leandro Guilheiro (judô) e Murilo (vôlei), enquanto no feminino a escolha está entre Ana Marcela Cunha (maratonas aquáticas), Fabiana Murer (atletismo) e a dupla Juliana e Larissa (vôlei de praia).

As apostas do blogueiro é que Murilo, graça à conquista do tricampeonato mundial de vôlei com a seleção brasileira na Itália, será o escolhido no masculino, enquanto Fabiana, após a brilhante participação na vitória da Liga Diamante da Iaaf, irá faturar o troféu no feminino.

Os votos serão computados após uma escolha feita por um juri de jornalistas selecionados (entre os quais eu não me incluo, é bom que se diga) e através de votação popular, a partir do próximo dia 30/11, feita pela internet, através do site do COB

O COB anunciou ainda a lista dos ganhadores do Prêmio Brasil Olímpico, com os melhores atletas de cada modalidade:

Atletismo – Fabiana Murer

Badminton – Daniel Paiola

Basquete – Tiago Spliter

Boliche – Roberta Rodrigues

Boxe – Roseli Feitosa

Canoagem Slalom – Silvia Gnadt

Canoagem Velocidade – Nivalter Santos

Ciclismo BMX – Mayara Perez

Ciclismo Estrada – Rafael de Matos Andriato

Ciclismo Moutain Bike – Rubens Donizete de Valeriano

Ciclismo Pista – Janildes Fernandes

Desportos na Neve – Mirlene Picin

Desportos no Gelo – Fabiana Alves dos Santos

Esgrima – Cleia Guilhon

Esqui Aquático – Marcelo Giardi

Futebol – Paulo Henrique Ganso

Futsal – Alessandro Rosa Vieira (Falcão)

Ginástica Artística – Jade Barbosa

Ginástica Trampolim – Daienne Lima

Ginástica Rítmica – Angélica Kvieczynski

Handebol – Alexandra Nascimento

Hipismo Adestramento – Luiza Almeida

Hipismo CCE – Ruy Fonseca

Hipismo Saltos – Rodrigo Pessoa

Hóquei sobre Grama – Daniel Tatara

Judô – Mayra Aguiar

Karatê – Douglas Brose

Levantamento de Peso – Fernando Reis

Luta – Joice Silva

Maratona Aquática – Ana Marcela Cunha

Natação – Cesar Cielo

Natação Sincronizada – Equipe de natação sincronizada

Patinação Artística – Juliana Almeida

Pentatlo Moderno – Yane Marques

Pólo Aquático – Luiza Carvalho

Remo – Fabiana Beltrame

Saltos Ornamentais – César Castro

Squash – Rafael Alarcon

Taekwondo – Marcio Wenceslau

Tênis – Thomaz Bellucci

Tênis de Mesa – Gustavo Tsuboi

Tiro com Arco – Bernardo Oliveira

Tiro Esportivo – Felipe Wu

Triatlo – Reinaldo Colucci

Vela –  Bruno Prada e Robert Scheidt (Classe Star)

Vôlei de Praia – Juliana e Larissa

Vôlei – Seleção adulta masculina de vôlei

sexta-feira, 12 de março de 2010

Yes, nós temos treinador!

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 12 de março do Diário de S. Paulo

Parece que virou moda, quase um hit deste fim de verão escaldante em terras brasileiras. Agora, qualquer equipe olímpica que se preze tem que contar com um treinador estrangeiro comandando sua comissão técnica. Só neste início de 2010, três técnicos gringos foram contratados: no basquete, o consagrado argentino Rúben Magnano dirigirá a seleção masculina e o desconhecido espanhol Carlos Colinas será o novo comandante da equipe feminina. Já o polo aquático, bem menos badalado, já acertou a chegada do croata Goran Sablic para o time masculino e promete fechar com um holandês para chefiar a seleção feminina.

Longe de querer imitar Policarpo Quaresma e defender a mão de obra nacional com unhas e dentes, acho que a presença dos treinadores estrangeiros traz enormes benefícios ao esporte brasileiro. Aliás, nem se trata de uma novidade. Várias modalidades há anos bebem na fonte dos técnicos gringos, como o atletismo, o boxe, o handebol e a ginástica artística feminina, que por sinal evoluiu indiscutivelmente sob o comando do ucraniano Oleg Ostapenko até 2008.

Mas algo me incomoda nesta frenética abertura de mercado aos técnicos estrangeiros. Antes de fazer o investimento em trazer treinadores do exterior, os cartolas brasileiros deveriam primeiro se preocupar em preparar técnicos para trabalhar com a formação de atletas e que conheçam profundamente os problemas do esporte brasileiro. Do contrário, a contratação dos gringos será apenas uma modinha passageira.

Foto: Rubén Magnano, um dos técnicos estrangeiros que irão trabalhar no Brasil em 2010
Crédito: Gaspar Nóbrega/CBB


A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Um caso de amor mal resolvido


Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 26 de fevereiro do Diário de S. Paulo

Nos últimos anos, a relação entre Jade Barbosa e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) tem sido marcada por troca de acusações e muitas polêmicas. Desde o episódio em que o pai da ginasta acusou os médicos da entidade de não tratarem corretamente uma gravíssima contusão no punho direito de Jade, ocorrida durante sua preparação para as Olimpíadas de Pequim-08, o clima com a CBG sempre foi tenso. Nem de longe lembra a lua de mel que a atleta vivia com os dirigentes na época do Pan-Americano do Rio-07, quando ela foi uma das estrelas da competição, ao conquistar as medalha de ouro no salto, bronze no solo e prata por equipe.

Após um longo tempo fora de combate, Jade retornou às competições no final do ano passado, durante o Brasileiro por equipes, quando garantiu o título no solo. Pronto, estava aberto o caminho para o seu retorno à seleção brasileira permanente, correto? De forma alguma. Ao divulgar a relação dos convocados para a disputa da Copa do Mundo, a CBG não incluiu o nome de Jade Barbosa na lista. E o motivo é mais uma vez polêmico.

Oficialmente, a Confederação não se manifesta, mas existe um conflito entre os patrocinadores da entidade e da ginasta, que são dois bancos distintos. Enquanto o pai da atleta, César Barbosa, não se entende com a direção da CBG, resta à ginasta aguardar. Considerada uma das maiores revelações da ginástica artística brasileira, Jade está pronta para competir. Pena que os cartolas não estejam permitindo.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Um ano de belas recordações. E de um pouco de vergonha também


O ano de 2009 está caminhando para o seu final e com ele surge aquela necessidade quase patológica de fazermos um balanço do que ocorreu ao longo de quase 365 dias (sim, ainda falta mais um pouquinho para inaugurar a agenda nova que você ganhou no Natal). E olhe que sobrou assunto no esporte olímpico brasileiro e mundial em 2009.

Sempre iremos lembrar que 2009 foi o ano em que Cesar Cielo tornou-se o homem mais rápido da história da natação. Depois do ouro nos 50m em Pequim-08, Cielo ratificou sua condição de estrela ao conquistar as medalhas de ouro nos 50 e 100m livre do Mundial de Roma. Ainda por cima, quebrou o recorde mundial dos 100m no Mundial e dos 50m agora em dezembro, no E. C. Pinheiros.

O Brasil não se esquecerá de 2009 por ter sido o ano em que o país ganhou a sede dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, um feito historicamente memorável e de extrema responsabilidade, diante do superafaturado exemplo dos Jogos Pan-Americanos de 2007, também na capital carioca. Este foi também o ano da vergonha para o esporte brasileiro, em especial para o atletismo, com 16 casos de doping, e ainda para a badalada ginasta Daiane dos Santos, que foi flagrada em um exame fora de competição.

Este 2009, em compensação, colocou o nome do carismático jamaicano Usain Bolt na história do esporte, após ele se tornar campeão dos 100 e 200m rasos e recordista mundial nas duas provas, durante o Mundial de Berlim. Ufa, realmente 2009 foi um ano de tirar o fôlego. Boas festas a todos.

Foto: Cesar Cielo comemora. Cena comum em 2009.

O texto acima pertence à coluna Diário Esportivo, que voltará a ser publicada no dia 8 de janeiro de 2010, no Diário de S. Paulo

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A redenção de Patrícia Amorim

Coluna Diário Esportivo, publicado na edição de 11 de dezembro do Diário de S. Paulo

Antes que alguém pense que está lendo a coluna “País do Futebol”, assinada pelo amigo Luiz Augusto Lima, um importante esclarecimento: Patrícia Amorim, eleita na última segunda-feira como presidente do Flamengo, tem estreita ligação com o mundo dos esportes olímpicos, foco principal deste “Diário Esportivo”. Pois saibam que Patrícia Amorim foi uma das mais importantes nadadoras do país, tendo sido a responsável pela volta da natação feminina brasileira às Olimpíadas, nos Jogos de Seul-1988, após uma ausência de 12 anos. Entre os anos de 83 e 89, superou 29 vezes o recorde sul-americano nas provas dos 200, 400, 800 e 1.500m livre. Foi ainda 28 vezes campeã brasileira nestas mesmas provas.

Se apenas com este currículo a eleição de Patrícia Amorim já seria um marco na história do Flamengo, a atuação recente dela como dirigente é de tirar o chapéu. Mesmo com o clube numa crise financeira insolúvel, Patrícia manteve o time masculino de basquete em atividade, a ponto de ter conquistado o título do NBB (Novo Basquete Brasil) deste ano.

Foi também graças a ela que a equipe de ginástica olímpica, formada pelos irmãos Diego e Danielle Hypólito, além de Jade Barbosa, não foi extinta. Patrícia amarrou uma parceria com a prefeitura de Niterói, fundamental para a manutenção da equipe. E o prêmio que ela ganhou foi a demissão de seu cargo de vice-presidente no Flamengo. Que a eleição de Patrícia Amorim inspire mais ídolos do esporte brasileiro a comandarem outros clubes.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O retorno de Jade já é uma vitória

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 27 de novembro do Diário de S. Paulo

O Centro Poliesportivo de Porto Alegre (RS) acabou sendo escolhido meio ao acaso para presenciar um momento histórico. Após muitas indefinições, brigas e até um pouco de medo, a ginasta Jade Barbosa voltará às competições a partir de hoje. Ela integrará a equipe do Flamengo, que participará do Campeonato Brasileiro de ginástica artística. Será a primeira vez que Jade competirá desde sua participação nas Olimpíadas de Pequim, quando sua performance foi prejudicada por uma grave contusão no pulso direito.

Só o fato de voltar ao esporte já pode ser considerado como uma vitória para a pequena Jade, que emocionou o Brasil durante o Pan-Americano do Rio, em 2007, quando foi ouro no salto e bronze no solo, além de prata por equipes. A contusão de Jade era considerada gravíssima pelos ortopedistas e piorou em razão do descaso da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), cujos médicos não souberam (ou não quiseram?) tratá-la corretamente. Muitos chegaram a decretar o fim de sua carreira.

Ninguém sabe qual o nível em que Jade Barbosa voltará a competir. Talvez nem mesmo ela saiba. Antes do Brasileiro, Jade tinha disputado apenas uma seletiva para voltar a integrar a seleção olímpica permanente e foi aprovada. Mas não se pode cravar que aquela menina, que foi apontada como a maior promessa da ginástica brasileira, retornará como estava há dois anos. De qualquer forma, já é um alento poder falar de Jade Barbosa como atleta e não como uma futura ex-atleta.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O doping não permite bobeadas


Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 6 de novembro do Diário de S. Paulo

A notícia do doping de Daiane dos Santos caiu como uma bomba no esporte brasileiro. No ano em que quase três dezenas de casos foram descobertos no país, a confirmação de que a carismática ginasta também foi flagrada tem um peso terrível. Ainda mais da forma com que ocorreu: em um teste fora de competição, num período em que ela se recupera de uma cirurgia no joelho e não tinha ainda previsão de retorno às competições. Mais improvável, impossível.

Se causou espanto por um lado, as justificativas encontradas para explicar o caso Daiane despertam irritação. O Pinheiros, clube da atleta, admitiu que ela usou uma substância proibida, mas que a ginasta seria inelegível para o doping por estar se recuperando de uma cirurgia. Depois, bateu de frente com a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), acusando a entidade de não informar à federação internacional da modalidade (FIG) os medicamentos que Daiane estaria ingerindo.

Sem entrar no mérito desta briguinha besta entre clube e confederação, ninguém pode se esquecer de uma questão fundamental: a responsabilidade de Daiane dos Santos no episódio. Não estamos falando de uma atleta iniciante, mas sim da maior ginasta brasileira em todos os tempos, com duas finais olímpicas no currículo. Ela conhece (ou deveria conhecer) os regulamentos antidoping e está em uma lista de atletas indicados pela FIG que podem ser testados a qualquer momento. Daiane bobeou feio e não há duplo twist carpado que possa aliviar sua barra.

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sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Brasil Olímpico (6)

Ginasta Daiane dos Santos é pega em exame antidoping

Resultado do teste foi divulgado nesta sexta-feira (30) pela Federação Internacional de Ginástica

Denise Miras, do R7, com informações do Núcleo Olímpico da Record

A ginasta brasileira Daiane dos Santos, de 26 anos, foi pega no exame antidoping realizado em julho deste ano. Mesmo fora de competições desde a Olimpíada de Pequim-2008 e em recuperação de cirurgia no joelho direito em outubro, Daiane passou por teste a pedido da FIG (Federação Internacional de Ginástica) e o resultado, divulgado nesta sexta-feira (30), foi positivo.

Notificada, Daiane tem prazo até o dia 13 de novembro para apresentar justificativas para o uso do diurético Furosemida (substância encontrada), comprovado na amostra de urina. A substância é usada no meio esportivo para mascarar doping. Há casos de uso por esportistas que precisam perder peso. De toda forma, está na lista das drogas proibidas pela Wada (Agência Mundial Antidoping).

Depois do julgamento dos atletas, se há condenação a pena de suspensão normalmente aplicada é de dois anos. O único caso relatado no site da FIG é de Chiu Shih-hui, de Taipé, com teste de 3 de novembro do ano passado. Depois de todos os procedimentos, a decisão foi divulgada em 13 de julho, quase oito meses depois da realização do exame.

Por enquanto, nem Daiane nem o Esporte Clube Pinheiros têm qualquer posição oficial sobre o assunto, porque dizem não ter sido comunicados de nada, de acordo com a assessoria de imprensa do clube. Daiane segue treinando inclusive se prepara para competir em 2010 e chegar à Olimpíada-2012.

A "má notícia" por parte da FIG teria chegado ao conhecimento de membros da delegação brasileira que esteve em Copenhague, Dinamarca, pouco depois da eleição do Rio de Janeiro para a Olimpíada-2016. A FIG teria informado que notificou a atleta diretamente no início deste mês. Suspensa previamente, a defesa já estaria sendo preparada pelo Pinheiros. A CBGin (Confederação Brasileira de Ginástica) não teria recebido comunicado da FIG, pelo menos por enquanto.

Daiane está na lista da FIG de 2009 dos atletas que seriam testados. Da ginástica artística, constam Diego e Daniele Hypólito, Jade Barbosa e Daiane dos Santos. O teste de Daiane foi feito em julho, por representante da sueca IDTM (International Doping Tests & Management).

A Wada abre exceções para atletas registrarem medicamentos que estejam usando por razões de saúde ou problemas físicos. Mas tudo precisa ser relatado, inclusive declarados os períodos de utilização. Em seu site, a Wada também diz claramente que é "o atleta de alto nível" que precisa informar oficialmente os medicamentos e razões que esteja usando à Federação Internacional de seu esporte. Os atletas de nível nacional se reportam à respectiva organização antidoping do país. Essa justificativa é avaliada pelo UTEC (Therapeutic Use Exemption Committee), da Wada.

Oficialmente não há respostas se um documento - por escrito - foi enviado por Daiane dos Santos ou pelo clube, comunicando que está sem competir, à FPG (Federação Paulista de Ginástica), ou à CBGin.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Jade e CBG ainda estão longe da paz

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 5/06 do Diário de S. Paulo


Após muitas idas e vindas, troca de acusações e até mesmo ameaças de processos, eis que a polêmica envolvendo a ginasta Jade Barbosa e a Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) pode estar perto do fim. Nota publicada ontem no site Globoesporte.com mostra que a supervisora da seleção brasileira, Georgette Vidor, acena com a possibilidade do retorno de Jade à equipe, assim que ela tenha condições físicas de competir. Mas para isso, há uma exigência. Segundo Georgette, Jade precisaria esquecer de vez todos os problemas que teve com a antiga administração da CBG e retornar com o espírito desarmado à seleção. Ah, então tá bom, dona Georgette!

Falta de consideração

Em primeiro lugar, tal exigência soa até como um desrespeito à atleta, que teve constatada uma séria lesão no punho direito, agravada justamente pela falta de cuidado da CBG no período de preparação para as Olimpíadas de Pequim. Além disso, Jade passou por um tremendo processo de desgaste pessoal, cujo pior momento foi quando seu pai, César Barbosa, trocou acusações públicas com os dirigentes.

E a própria desculpa de que a polêmica de Jade ocorreu com a administração anterior da CBG não cola. Afinal, a atual presidente da entidade, Maria Luciene Resende, era a vice de Vicélia Florenzano, sua antecessora. Ou seja, tem uma parcela de responsabilidade no caso, sim. Pelo jeito, vai demorar um pouco para que Jade Barbosa e a CBG possam se entender.

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sexta-feiras no Diário de S. Paulo

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Está chegando a hora da verdade para a candidatura do Rio às Olimpíadas de 2016

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 10 de abril do Diário de S. Paulo



Só beleza não adianta

“Em determinado momento da regata, ficamos com lixo preso no barco, uma situação muito chata. Se não fosse uma prova curta como essa, o certo seria andar para trás para que o lixo se soltasse, mas no meio de uma regata de porto é claro que isso era inviável. Para uma cidade que quer receber os Jogos Olímpicos, a água da Baía de Guanabara não é uma coisa bonita de se mostrar”. Estas palavras, que por si só possuem um peso negativo considerável para o Rio de Janeiro, que disputa o direito de ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016, têm uma importância ainda maior quando se conhece o autor: Torben Grael, bicampeão olímpico na classe Star do iatismo, nas Olimpíadas de Atlanta-96 e Atenas-04.

As críticas de Torben, feitas logo após uma regata da etapa do Rio na Volvo Ocean Race, no último final de semana, devem servir, acima de tudo, como um alerta às ondas de ufanismo que começarão a surgir nos próximos meses e que terminarão no dia 2 de outubro, data da escolha da sede dos Jogos de 2016, em Copenhague, na Dinamarca. Com o início das visitas da comissão inspetora do Comitê Olímpico Internacional (COI) pelas quatro candidatas, começarão a pipocar aqui e acolá conhecidas “estratégias de campanha”, procurando enaltecer ao máximo o que é bonito e esconder a todo custo o que não presta.

Na última terça-feira, por exemplo, ao encerrar a visita a Chicago, a comissão do COI não poupou adjetivos, classificando a candidatura como “forte e impressionante”. Coincidentemente, os reflexos da crise mundial nos EUA nem foram citados. Os coordenadores da candidatura de Tóquio divulgaram que a capital japonesa é quem está mais qualificada para receber os Jogos devido a razões históricas, econômicas e ambientais. Madri tem o apoio declarado do ex-presidente do COI, Juan Antonio Samaranch. E a campanha do Rio, que em seu dossiê de apresentação apostou forte no conceito “Cidade Maravilhosa”, com certeza não poderá se orgulhar da Baía de Guanabara, após as duras palavras de Torben Grael. Ao contrário do que disse certa vez o ex-prefeito César Maia, nem sempre beleza é fundamental.

Recordar é viver
A despoluição da Baía de Guanabara fazia parte do chamado “legado do Pan”. Nem é preciso dizer que nada foi feito. Aliás, por que é que o TCU ainda não divulgou o relatório sobre a prestação de contas do Pan 2007?

Dinheiro desperdiçado
Cada um faz o que quiser com seu dinheiro. Mas não teria sido melhor o empresário Eike Batista investir os R$ 10 milhões doados à candidatura dos Jogos de 2016 para ajudar atletas que sofram com a falta de patrocínio, como a judoca medalhista olímpica Ketleyn Quadros, ou então contribuir para o tratamento da ginasta Jade Barbosa, que tem uma grave lesão no pulso direito?

Líder em gastos
Os Jogos de 2016 podem custar ao governo do Brasil R$ 29,5 bilhões. Mais do que o orçamento de Tóquio e Chicago somados.

Foto: um flagrante da poluída Baía da Guanabara, no Rio

A coluna Diário Esportivo, assinda por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Perguntar não ofende

Ao invés de doar R$ 10 milhões para a candidatura do Rio para ser sede das Olimpíadas de 2016, que dificilmente sairá vencedora, não teria sido melhor que o empresário Eike Batista tivesse destinado esta dinherama toda para ajudar a melhorar a vida de atletas que sofrem com a falta de patrocínio, como a judoca Ketleyn Quadros? Ou então bancar o tratamento da ginasta Jade Barbosa, que sofre com uma lesão crônica no pulso direito?

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Superliga feminina de vôlei finalmente começa a valer alguma coisa

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 3 de abril do Diário de S. Paulo

Final antecipada agita a Superliga feminina

Quando o São Caetano/Blausiegel repatriou as campeãs olímpicas Fofão, Scheilla e Mari no começo da atual temporada, muita gente apontou o time do ABC como o principal candidato a acabar com a monotonia da Superliga feminina de vôlei, que há anos tem Rexona-Ades e Osasco/Finasa como os protagonistas na disputa do título. O desenrolar do torneio mostrou que as coisas não funcionaram tão bem assim. A perda do título dos Jogos Abertos do Interior e o fraco começo na Superliga acabaram minando o trabalho do técnico Antonio Rizola, demitido ainda em dezembro. O motivo principal seria o descontentamento das atletas com o método de trabalho do treinador. O ambiente entre as atletas também estava longe de ser o ideal, em virtude da enorme diferença salarial entre as três estrelas olímpicas e as demais integrantes do elenco, conforme o DIÁRIO revelou na época.

Mas todos estes problemas acabaram sendo superados ao longo da campanha. Fofão brilha como a melhor defensora e levantadora da competição, enquanto Scheilla desponta como a maior pontuadora da Superliga. Assim, um time que começou o torneio ameaçado pelo fantasma do fracasso, chega à semifinal diante do Osasco, com início a partir de amanhã, consciente de que fará uma espécie de decisão antecipada do principal torneio de clubes do vôlei feminino brasileiro.

De olho no retrospecto

Nem mesmo o status de ter o melhor elenco da competição, com a presença de quatro campeãs olímpicas — Paula Pequeno, Thaisa, Carol e Sassá —, deu ao Osasco a tranquilidade necessária para chegar à semifinal. O time perdeu três finais de turno para o Rexona e sofreu com os problemas de contusão de Paula Pequeno. O que pode pesar a seu favor na série contra o São Caetano é justamente o retrospecto: o time ganhou as duas partidas que disputou contra o rival ao longo da Superliga.

Duelo desigual

Já a outra semifinal, entre Rexona e Brasil Telecom (SC), que começa hoje, promete ser uma verdadeira covardia. O time carioca, comandado pelo técnico Bernardinho, tem simplesmente dez vitórias a mais do que o rival ao longo de todo o torneio. E vale lembrar que a equipe catarinense corre o risco de ser extinta após a Superliga.

Bom desempenho

É significativo o terceiro lugar obtido pela saltadora brasileira Fabiana Murer no ranking mundial da temporada indoor (em pista coberta) de atletismo. Fabiana mostrou neste início de ano um desempenho consistente, o que aumenta a expectativa para o que ela poderá fazer no Mundial de Berlim, em agosto.

Alô, CBG!

Até quando a Confederação Brasileira de Ginástica ficará alheia ao drama de Jade Barbosa, que corre o risco de nunca mais competir?

A coluna Diário Esportivo, assinada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

quinta-feira, 5 de março de 2009

É por estas e outras que o basquete brasileiro está no buraco...

O Flamengo é o atual campeão brasileiro masculino e lidera a atual edição do NBB (Novo Basquete Brasil), competição organizada pela Liga Nacional de Basquete. Ainda assim, o clube deve quatro meses de salário a seus atletas e já começa a negociar uma alternativa, a exemplo do que ocorreu com a equipe de ginástica artística, buscando um patrocínio de uma cidade do interior do estado para assumir as despesas.

E pior é que quando olhamos os nomes dos três candidatos à presidência da CBB, dificilmente as coisas irão mudar. Ao menos para melhor.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Carreira de Jade Barbosa está por um fio

O descaso e a incompetência da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) em relação à saúde de suas atletas pode ter uma consequência muito grave. Nesta quinta-feira, o médico da ginasta Jade Barbosa, Sandro Deodato, declarou ao site globoesporte.com que só o tempo poderá dizer se ela voltará a competir em alto nível.

Deodato consultou vários colegas, brasileiros e estrangeiros,
durante o Curso de Patologia e Artroplastia Total do Punho, ministrado pelo Instituto de Ortopedia e Traumatologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). Todos foram unânimes em afirmar que não existe nenhum tratamento para a lesão no punho direito da ginasta.

"O que podemos fazer é pensar em opções para que ela melhore. No momento, vamos aguardar, ver como ela se sai nos treinos", disse Deodato, para em seguida dar um prognóstico sombrio. "Se ela tivesse outra profissão, seria mais fácil, mas a ginástica de alto rendimento exige muito. Pode ser que ela volte bem, pode ser que não volte. Vamos pensar positivo, mas só o tempo dirá", completou o médico.

Parabéns, CBG, pelos bons serviços prestados...

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

A briga pelo dinheiro

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 6 de fevereiro de 2009 do DIário de S. Paulo

Uma revolução que pode diminuir o bolo do COB

Nos Jogos Olímpicos de Pequim, em 2008, um imaginário país enviou para a China uma delegação composta por 40 pessoas, 30 delas atletas. Ao final dos 19 dias de competição, este “país” ocupou o 50 lugar no quadro geral de medalhas, com uma de ouro e duas de bronze. Estaria ao lado da Índia e ficaria à frente de algumas nações do chamado “primeiro mundo”, como Suécia e Áustria, que terminaram os Jogos sem nenhuma medalha de ouro. O país imaginário, na verdade, é o Pinheiros, um dos mais tradicionais clubes de São Paulo e conhecido centro formador de atletas para o esporte brasileiro.

Mas se a participação do Pinheiros rendeu bons resultados, através das medalhas do nadador César Cielo (um ouro e um bronze) e do judoca Leandro Guilheiro (um bronze), outras entidades, como o Minas Tênis Clube, Sogipa, Grêmio Náutico União, e até clubes tradicionais no futebol, como o Flamengo, também tiveram uma presença efetiva na delegação olímpica em Pequim. Para ser mais preciso, enviando 77% dos atletas brasileiros que estiveram na China. Diante deste quadro, os clubes cansaram de trabalhar com o bolso vazio, enquanto o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) fica com generosa parcela dos recursos da Lei Piva, sob o argumento de bancar as despensas administrativas da entidade. Com a criação do Confao (Conselho de Clubes Formadores de Atletas Olímpicos), os clubes vão brigar para que este bolo seja melhor dividido. O COB, é óbvio, irá lutar para que isso não aconteça. Pelo visto, a revolução no esporte olímpico brasileiro só está começando.

Guerra de números

Os clubes integrantes do Confao dizem que o COB fica com cerca de 50% dos recursos da Lei Piva e, pelas contas da nova entidade, poderiam abocanhar 30% desta verba. “Acho que 20% para as despesas administrativas está bom demais”, diz Márcio Braga, presidente do Flamengo. Já o COB divulgou terça-feira um comunicado, lembrando que a Lei Piva proíbe repasse de verbas a clubes com dívidas tributárias. O alvo era justamente o Flamengo, que passa por grave crise financeira, a ponto de terceirizar a equipe de ginástica artística, agora financiada pela prefeitura de Niterói.

Jadel contra Usain Bolt?

Jadel Gregório se prepara para a temporada de 2009, cujo objetivo é conquistar uma medalha no Mundial de Atletismo de Berlim, em agosto. E o recordista sul-americano do salto triplo acrescentou uma novidade em sua programação: começará a disputar provas de 100m rasos. Mas ele jura que não é para desafiar o incrível jamaicano Usain Bolt. “Será útil para aprimorar a minha velocidade”, garante Jadel.

Basquete de luto

Em apenas dois dias, o basquete brasileiro sofreu duas perdas muito tristes: a jovem pivô Michelle Splitter e Adílson Nascimento, ambos vítimas de câncer.

A coluna Diário Esportivo é publicada todas às sextas-feiras pelo Diário de S. Paulo

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Todas as homenagens são poucas para os campeões mundiais de 1959

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 30 de janeiro de 2009 no Diário de S. Paulo



Quando éramos reis

O título da coluna não se refere ao magnífico documentário ganhador do Oscar de 1997, dirigido por Leon Gast, que mostrou como foi a histórica luta pelo título mundial dos pesos pesados, quando Muhammed Ali derrotou George Foreman no Zaire, em 1974. A majestade, neste caso, pertence a um bando de 12 rapazes, nascidos em um país que até então não tinha qualquer representatividade internacional, num esporte chamado basquetebol. E foram estes 12 heróis que há 50 anos, em 31 de janeiro de 1959, conquistaram no Chile o primeiro título mundial de basquete do Brasil.

É verdade que os idiotas da objetividade, como diria Nélson Rodrigues, irão argumentar que foi um título obtido graças ao tapetão. E os idiotas têm razão. Afinal a forte União Soviética — que venceu a seleção brasileira duas vezes naquela competição — recusou-se a enfrentar Formosa (como era chamada então Taiwan) por motivos políticos e perdeu por W.O. A Fiba (Federação Internacional de Basquete) retirou então todos os pontos dos soviéticos e com isso, bastou ao Brasil, que era o segundo colocado na classificação, uma vitória sobre o Chile, por 73 a 49, para assegurar o título.

Mas chega de objetividade! Questões políticas à parte, aquela equipe formada por Wlamir Marques, Amaury Pasos, Rosa Branca, Waldemar Blatkauskas, Edson Bispo, Algodão, Jatyr, Fernando Brobró, Pecente, Waldyr Bocardo, Zezinho e Otto, comandados por Togo Renan Soares, o Kanela, encantou o mundo. Como verdadeiros desbravadores, mostraram a todos que aqui também se sabe jogar basquete, por mais que os últimos vexames da seleção, que desde 1996 não se classifica para as Olimpíadas, insistam em manchar uma história tão gloriosa.

Herança de 59

Além de mostrar uma nova escola de basquete, baseada em muita velocidade e contra-ataque, a geração campeã mundial de 59 (e que seria ainda bicampeã em 63 e conquistaria duas medalhas olímpicas de bronze) contribuiu de forma decisiva para manter o Brasil entre os 20 melhores no ranking da Fiba. Na lista atualizada após as Olimpíadas de Pequim, a seleção ocupa o 16º lugar. Convenhamos, diante dos últimos fracassos do basquete brasileiro, a situação poderia ser bem pior.

Calendário errado

E a CBB, em mais uma mancada, resolveu programar uma homenagem aos campeões para agosto, durante a preparação da seleção para a Copa América, evento classificatório para o Mundial da Turquia no ano que vem. Uma festa com “apenas” sete meses de atraso.

Salvação e ingratidão

A parceria com a prefeitura de Niterói foi fundamental para manter a equipe de ginástica artística no Flamengo. O que não dá para engolir foi a incrível demissão da vice-presidente de esportes olímpicos, Patrícia Amorim, Foi somente graças à Patrícia que este acordo aconteceu.


Foto: os campeões mundiais de 1959, no Chile
Crédito: Divulgação/CBB


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terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Crise no esporte olímpico do Flamengo: a salvação e a ingratidão

Como nos contos de fada, tudo terminou bem para equipe de ginástica artística do Flamengo. Depois da entrevista dramática na última sexta-feira, quando o presidente Márcio Braga anunciou o fim do apoio aos ginastas Diego e Danielle Hypólito e Jade Barbosa, por falta de dinheiro no clube, eis que surgiu a inesperada ajuda da prefeitura de Niterói.

Nesta última segunda-feira, a vida dos ginastas Diego e Danielle Hypólito e Jade Barbosa voltou aos trilhos, com o anúncio da parceria com a cidade de Niterói, que irá injetar R$ 80 mil por mês para direcionar a este departamento. Em troca, os três atletas participarão do projeto de ginástica de Niterói, que visa incentivar as crianças a iniciarem a prática do esporte.

A situação só não ficou boa para a vice-presidente de esportes olímpicos, a ex-nadadora Patrícia Amorim, que no final da noite de segunda-feira foi demitida do cargo, poucas horas depois de participar da entrevista coletiva que anunciou a parceria com Niterói. Detalhe: foi através de Patrícia Amorim que a prefeitura de Niterói procurou o Flamengo.


No lugar de Patrícia, assumiu o publicitário João Henrique Areias, um dos responsáveis pela criação da Copa União de futebol de 1987 e que em 1996 ajudou a criar a reformular o Nacional masculino de basquete.

Nada contra Areias, um homem de ideias modernas e que pode mesmo contribuir para o fim da crise nos esportes olímpicos do Flamengo. Mas tudo contra a incrível demissão de Patrícia Amorim, que como se diz no popular, "segurou o rojão" no meio da crise e justamente quando a situação parecia melhorar, foi simplesmente dispensada.

No meu dicionário, isso chama-se ingratidão!

Foto: UOL Esportes

sábado, 24 de janeiro de 2009

Desempregados, ginastas olímpícos estampam desânimo em relação ao futuro

Nesta sexta-feira, foi sacramentada a saída dos ginastas Diego e Daniele Hypólito e Jade Barbosa do Flamengo. Sem dinheiro para manter o clube, que passa por uma crise financeira sem proporções (em boa parte por culpa exclusiva de seus dirigentes, é bom que se diga), o Rubro-negro decidiu encerrar o apoio aos esportes olímpicos (com exceção do remo e do basquiete), para poder ao menos tentar equilibrar as contas.

O desânimo dos ginastas, integrantes da seleção olímpica brasileira, e mais as desculpas - algumas até razoáveis, como as críticas ao Comitê Olímpico Brasileiro - do presidente flamenguista Márcio Braga, podem ser acompanhados
nesta reportagem exibida pelo Sportcenter, da ESPN Brasil, na última sexta-feira.

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