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terça-feira, 28 de abril de 2009

Do blog do Menon

Um dia eu quero escrever como este cara....texto sensacional!


Do Blog do Menon

EU ESTAVA LÁ

O "estar lá" é o sal da terra para os jornalistas. É o que interessa, afinal. A sensação de ter visto a história acontecer diante de seus olhos é inigualável. Nada melhor do que saber aquilo que você está mostrando, irradiando ou escrevendo sobre é algo que está mudando o mundo.

Nestas horas, é preciso ter a noção exata da grandiosidade do que está em jogo. Um jornalista boliviano que viu sua seleção vencer os argentinos por 6 a 1 em La Paz, por exemplo. É o maior momento de sua vida profissional. E seria totalmente perdoável se ele transformase, em suas materia, Marcelo Moreno e Botero em craques que nunca foram. Em craques que a Bolívia nunca teve e nunca terá. Difícil manter os pés no chão diante de acontecimentos épicos.

Daqui a muitos anos, Jaime Restrepo (nome fictício) de um jornalista boliviano, ao ver sua seleção ser goleada uma vez mais por argentinos, dirá ao netinho que um dia a Bolívia foi grande, humilhou os argentinos etc e etal. O garoto possivelmente não vai acreditar. Se acreditar, vai ser ironizado pelos coleguinhas a quem repassar a história so vovô que "esteve lá".

Ah, como eu gostaria de ter estado la quando a guilhotina fez rolar a cabeça de Maria Antonieta, quando o maio de 1968 transformou Paris em sinônimo de esperança para os que acreditam em outro mundo, quando os barbudos entraram em Havana, quando Garrincha e Pelé jogaram juntos pela primeira vez e fizeram os russos acreditarem na existência do Innferno, quando os rapazes de Liverpool cantaram no The Cavern.....Não estava lá.

Ah, mas eu vi, meninos eu vi, Romário fazer o gol de pênalti que Baggio errou, vi Rivaldo, o craque sem carisma e com caráter, e Ronaldo transformarem Oliver Khan em um goleiro comum, vi Rogério Ceni fazer uma das mais lindas defesas da história no chute de Gerrard, aquele que disse ser o Liverpool invencível dois dias antes de ser derrotado pelo São Paulo, vi Zidane, o gênio louco, destruir o Brasil com direito a um chapéu em Ronaldo e alguns dias depois destruir a França com uma cabeçada em Materazzi, vi a posse do Lula, vi os comícios pelas Diretas e vi o Ronaldo mostrar, um vez mais, que não se pode duvidar dos gênios.

Sem régua, sem compasso, sem teodolito, traçou, a partir de uma chuteira qualquer que vestia um pé mágico, a parábola fantástica do terceiro gol.

Tantas contusões, tantos quilos acima, tantos exemplos de falta de profissionalismo, tudo é passado. Já era passado, mas aquele gol contra Fábio Costa tem a ver com o futuro. A questão é simples: Luís Fabiano, Pato, Adriano, Robinho e Júlio Baptista, os atacantes da seleção, não fariam aquele gol que Ronaldo fez.

E eu estava lá.

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