Post publicado no blog Esporte Fino, por Otavio Maia
Em 27 de agosto, Andrés Sanchez afirmou sem nenhum pudor que o seu principal objetivo naquele momento era impedir que o Morumbi, estádio do seu maior inimigo político, o São Paulo, fosse palco de jogos da Copa do Mundo de 2014.
Três dias depois, cravou com orgulho que a CBF havia apoiado a realização de partidas do Mundial em Itaquera, no futuro estádio do Corinthians, sem nem mesmo ver o projeto do empreendimento. Quis dizer que o seu clube tinha credibilidade, mas conseguiu mesmo foi escancarar que a indicação não se balizou por nenhum critério técnico, para ser sutil.
Nesta semana, Andrés meteu o nariz onde não foi chamado. Insinuou que o São Paulo era o responsável pela estranha saída de Dorival Junior da Vila Belmiro – como se o treinador tivesse forçado a própria demissão por supostamente ter acertado com o clube do Morumbi.
O jornalista Ricardo Perrone escreve hoje em seu blog no UOL que, no dia da queda de Dorival, um cartola corintiano ligou para a Vila Belmiro e alertou que o São Paulo já havia conversado com o técnico para avisar que as portas do clube estavam abertas.
A diretoria do Santos, já de cabeça quente, teria confiado na informação e se irritado ainda mais com o treinador, que cairia pouco depois. O Tricolor seria o próximo alvo da ira que tomou conta do clube da Baixada, mas uma surpresa fez o cenário mudar.
Após a notícia da demissão, o São Paulo bancou Sérgio Baresi e deu de ombros para Dorival, que acabou indo parar no Galo. Os dirigentes do Morumbi podem não ser anjos na Terra, mas a lógica nos conta que se o clube tivesse acertado antecipadamente com o treinador do Peixe, como insinuou Andrés, o desfecho da história forçosamente teria de ser outro.
Segundo escreve Perrone, “um conflito entre Santos e São Paulo seria interessante para Andrés não só por arrumar um problema para Juvenal Juvêncio, seu desafeto. O atrito também minaria a aproximação dos santistas com a diretoria do Clube dos 13, do qual Juvenal é vice-presidente. O Santos, como o Corinthians, votou na última eleição no opositor Kléber Leite.”
É verdade que pode haver muito mais entre o céu e a Terra nesse caso do que sabemos até o momento. Mas não dá para acreditar que o cartola corintiano quis se intrometer na história por pura benevolência e simpatia pelo outro alvinegro.
Andrés pode, sim, estar sendo bom para o Corinthians. Além de ter montado bons times e resgatado a autoconfiança do clube, iniciou ações de marketing bem-sucedidas que fizeram ecoar com mais força o centésimo aniversário da instituição. Por outro lado, o dirigente resume a deselegância e outros adjetivos que fazem tão mal ao futebol – e que aliás não são privilégio dele.
Até quando vai durar? Que a propalada renovação do futebol nacional não fique apenas no nível de jogadores e técnicos. É duro de aguentar...
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