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quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Executivo da Globo usa números a seu favor para defender a volta do mata-mata

A coisa mais fácil que existe é pegar dados estatísticos e usá-los de acordo com seu interesse. Aí estão as pesquisas em período eleitoral que não me deixam mentir. Os números são os mesmos, mas cada partido utiliza aquilo que lhe interessa.

Nesta terça-feira, o executivo Marcelo Campos Pinto, diretor da Globo Esportes, empresa que detém os direitos de transmissão do futebol brasileiro, deu uma palestra no Footecon, o fórum internacional de futebol, no Rio de Janeiro, onde deixou evidente sua posição - e por tabela da empresa - em favor da volta do sistema de mata-mata para o Brasileirão.

Campos Pinto, que raramente aparece em público, derramou diversos números em relação ao aumento de público nos estádios no recém-encerrado Campeonato Brasileiro, argumentando que isto não deve significar que o grande público aceita e aprova o formato de pontos corridos, aplicado no torneio desde 2003.

"Está comprovado, com números, que se perde dinheiro com esse formato de disputa do Brasileiro. O tema da comparação entre pontos corridos e mata-mata não está superado. Ele precisa ser revisitado", disse o executivo da Globo.

Comprovado como, cara pálida? Só se for para a Globo, amigo...Praticamente todos os estádios estavam lotados no último domingo, quando o campeonato já estava decidido há um mês. Se fosse no mata-mata, apenas dois times estariam festejando as bilheterias cheias, enquanto quem não tivesse se classificado para o playoff já estaria de férias há tempos...


Campos Pinto, no alto de sua arrogância de quem só vê o futebol como um mero negócio, argumenta que os 34% de aumento de público em relação à 2006 é enganoso, pois o Flamengo teve uma enorme parcela neste resultado, devido à suas impressionantes médias de arrecadação. Ele também lembrou da promoção da Nestlé, na qual torcedor trocava produtos por ingressos, que ajudou a vitaminar as arquibancadas.

Mas como bem lembrou o colunista Paulo Vinícius Coelho, do Lancenet, na última vez em que o Brasileiro teve média de 17 mil pessoas, em 1999, o Flamengo fez uma campanha ruim. E teve mata-mata. PVC argumenta, com razão, que um executivo de TV (e ainda por cima da TV que tem os direitos de transmissão) não tem condição de fazer qualquer avaliação isenta neste caso.

A cada dia fica mais evidente que o melhor formato de disputa para o Brasileiro é o de pontos corridos. Só os times incompetentes e que não sabem se planejar é que são contra. Além disso, mata-matas temos aos montes: nos estaduais, Libertadores, Sul-Americana, Copa do Brasil...já está bom, né?

6 comentários:

Anônimo disse...

É Laguna... o seu texto, brilhante como sempre, só confirma minha tese, que já falei a vc e tenho repetido em todas as conversas que tenho sobre futebol e sobre os últimos nacionais disputados: cada um defende seu interesse,apegando-se a argumentos que possam defender a tese que he convém, ou que acha mais justa.
Dando seqüência ao nosso debate, gostaria de saber a opinião do caro amigo que, assim como eu, viveu as emoções do futebol dos anos 80 e 90. Sem se apegar a essa coisa da disputa mais justa... O que vc acha do mata-mata? Responda minha pergunta, mas não se esquive para a tal argumentação de que o que vale mesmo é privilegiar o time mais equilibrado, mais estruturado! O que vc acha do mata-mata, como o de 1999, quando uma série de play-offs lotaram quatro estádios no Brasil, numa série de até três jogos? Faltou emoção, foi ruim?
Ou vc admite que, com o passar do tempo, refez mesmo sua posição, apaixonando-se pelos pontos corridos e se esquecendo da origem de sua paixão pelo futebol?

Era isso...

Marcelo Laguna disse...

Amigo Fábio, vamos por partes:

Sobre o mata-mata: acho um sistema de disputa muito legal, assim como gosto da fórmula estilo Copa, com fase de grupos e mata-mata, bem como a de pontos corridos (a minha preferida).
Sobre a sua segunda pergunta: aquele formato de playoff, que lembra o que costuma ser usado no basquete e no vôlei, não me agrada muito quando aplicado ao futebol. E num calendário como o nosso, imagine encontrar datas disponíveis para uma série melhor-de-três?
Eu, assim como vc, tenho ótimas lembranças de algumas finais inesquecíveis dos Brasileirops dos anos 70, 80 e 90. Mas acho que os tempos são outros. Eu creio que se a Copa do Brasil fosse ampliada e redistribuída ao longo do calendário, permitindo a participação dos clubes que também disputam a Libertadores, esta saudade dos mata-matas iria acabar! E o Brasileirão poderia continuar no formato atual
PS: só para lembrar que a Copa da Inglaterra tem sua grande final realizada após o encerramento da Premier League. Por que a CBF não pode copiar a mesma aqui aqui, hein?
abs

Anônimo disse...

O final do seu texto merece reflexão... Voltarei ao assunto!

Unknown disse...

Laguna, já não é mais possível discutir a fórmula mas sim discutir sobre a opinião das pessoas que defendem o mata-mata com fórmulas quem tem a fase da Lua como variável matemática. Abraço.

Marcos Bonilha disse...

Laguna, gosto de mata-mata, mas como você disse, já tem campeonatos demais assim por aqui.
Talvez esses saudosismo todo ocorra por causa da ausência, dos times que disputam a Libertadores, na Copa do Brasil.
Sinceramente, na minha opinião, deveriam colocar a Copa no segundo semestre, com os jogos nas quartas-feiras.
"E a Sul-americana?", dirão os 'fanáticos' por esse torneio. Sei lá. A CBF se vira com o calendário. Eu só sugiro algumas soluções a partir do momento que a Conmebol não mudará nada.
Abraços

Marcelo Laguna disse...

Marcos, vc pensa exatamente como eu. Se a CBF mudar o calendário, a Copa do Brasil voltará ser interessante e, até quem sabe, ser mais emocinante do que o próprio Brasileirão.
Abraços

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