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sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Todas as homenagens são poucas para os campeões mundiais de 1959

Coluna Diário Esportivo, publicada na edição de 30 de janeiro de 2009 no Diário de S. Paulo



Quando éramos reis

O título da coluna não se refere ao magnífico documentário ganhador do Oscar de 1997, dirigido por Leon Gast, que mostrou como foi a histórica luta pelo título mundial dos pesos pesados, quando Muhammed Ali derrotou George Foreman no Zaire, em 1974. A majestade, neste caso, pertence a um bando de 12 rapazes, nascidos em um país que até então não tinha qualquer representatividade internacional, num esporte chamado basquetebol. E foram estes 12 heróis que há 50 anos, em 31 de janeiro de 1959, conquistaram no Chile o primeiro título mundial de basquete do Brasil.

É verdade que os idiotas da objetividade, como diria Nélson Rodrigues, irão argumentar que foi um título obtido graças ao tapetão. E os idiotas têm razão. Afinal a forte União Soviética — que venceu a seleção brasileira duas vezes naquela competição — recusou-se a enfrentar Formosa (como era chamada então Taiwan) por motivos políticos e perdeu por W.O. A Fiba (Federação Internacional de Basquete) retirou então todos os pontos dos soviéticos e com isso, bastou ao Brasil, que era o segundo colocado na classificação, uma vitória sobre o Chile, por 73 a 49, para assegurar o título.

Mas chega de objetividade! Questões políticas à parte, aquela equipe formada por Wlamir Marques, Amaury Pasos, Rosa Branca, Waldemar Blatkauskas, Edson Bispo, Algodão, Jatyr, Fernando Brobró, Pecente, Waldyr Bocardo, Zezinho e Otto, comandados por Togo Renan Soares, o Kanela, encantou o mundo. Como verdadeiros desbravadores, mostraram a todos que aqui também se sabe jogar basquete, por mais que os últimos vexames da seleção, que desde 1996 não se classifica para as Olimpíadas, insistam em manchar uma história tão gloriosa.

Herança de 59

Além de mostrar uma nova escola de basquete, baseada em muita velocidade e contra-ataque, a geração campeã mundial de 59 (e que seria ainda bicampeã em 63 e conquistaria duas medalhas olímpicas de bronze) contribuiu de forma decisiva para manter o Brasil entre os 20 melhores no ranking da Fiba. Na lista atualizada após as Olimpíadas de Pequim, a seleção ocupa o 16º lugar. Convenhamos, diante dos últimos fracassos do basquete brasileiro, a situação poderia ser bem pior.

Calendário errado

E a CBB, em mais uma mancada, resolveu programar uma homenagem aos campeões para agosto, durante a preparação da seleção para a Copa América, evento classificatório para o Mundial da Turquia no ano que vem. Uma festa com “apenas” sete meses de atraso.

Salvação e ingratidão

A parceria com a prefeitura de Niterói foi fundamental para manter a equipe de ginástica artística no Flamengo. O que não dá para engolir foi a incrível demissão da vice-presidente de esportes olímpicos, Patrícia Amorim, Foi somente graças à Patrícia que este acordo aconteceu.


Foto: os campeões mundiais de 1959, no Chile
Crédito: Divulgação/CBB


A coluna Diário Esportivo, publicada por este blogueiro, é publicada às sextas-feiras no Diário de S. Paulo

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