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sábado, 26 de junho de 2010

Explicações para o fiasco
europeu na Copa do Mundo

Do blog do Rubão

Decadência europeia

A final da Liga dos Campeões entre Internazionale e Bayern de Munique, no último 22 de maio, reuniu 34 atletas de 16 países.

Destes, 10 eram alemães (5 titulares do time de Munique) e apenas eram 3 italianos, todos reservas. Haviam atletas do Brasil, da Argentina, Romênia, Camarões, Ucrânia, Croácia, Sérvia, Turquia, Romênia, Macedônia, Colômbia, Gana, Bélgica e Holanda.

Uma autêntica filial da ONU.

E qual é o resultado disso? Bem, basta olhar para a Copa. Das 13 seleções do continente - antes das partidas do Grupo H onde Espanha e Suíça têm chances - apenas 5 estarão nas oitavas.

Poderão ser, no máximo, 7. É provável que sejam 6. Um número baixo para um continente que quase sempre dominou as Copas e que, em 2006, teve todos os semifinalistas.

Qual é o motivo?

A verdade é simples: enquantos os times aproveitam a riqueza financeira para se fortalecerem com estrangeiros, as seleções sofrem com a falta de renovação e de interesse por parte dos times. É muito mais barato trazer promessas de todos os cantos do planeta. Por isso, Itália e França, finalistas de quatro anos atrás, estão fora.

A fome em contratar jogadores de todo o planeta e atrair garotos estrangeiros de até 12 ou 13 anos está matando o futebol, no continente. Isso vem ajudando a crescer movimentos nacionalistas e de extremistas que lotam as arquibancadas para xingar estrangeiros, principalmente os negros. O futebol é um fértil e perigoso campo para a volta do fascismo e do nazismo.

Sem renovação, as seleções padecem de bons jogadores e até treinadores. É por essa razão que vemos o baixo nível dos goleiros ingleses. Pudera, os nove times principais só utilizam estrangeiros. E boa parte dos arqueiros reservas também são de outros países.

E o que acontece? Escalam o horroroso David James, arqueiro do rebaixado Portsmouth e Robert Green, do quase rebaixado West Ham como titulares. Seria como termos guarda-metas do Atlético Goianiense e do Santo André, na Seleção Brasileira. Vale também dizer que o English Team é treinador pelo italiano Fabio Capello.

Desesperadas, seleções como Alemanha e Portugal naturalizam atletas de segunda linha de outros países para tentar ter uma sobrevida maior. Imagine você dizer para um alemão, 30 anos atrás, que uma dupla de poloneses seriam os atacantes titulares do selecionado nacional. Seria internado, no mínimo.

Quando não naturalizam alguém, se arrastam em campo com vários veteranos longe de seus melhores dias, como a Itália, exemplificada pelo capitão Fabio Cannavaro.

Confesso que, nesse caso, fiquei feliz: a Itália precisa ficar fora de uns três mundiais consecutivos, para ver se ajudam a enterrar o absurdo esquema de jogo dos quais são mestres, o famoso futebol de resultado, o famoso anti-jogo.

O que mais assusta a UEFA é o caminho sem volta tomado. Os clubes tornaram-se tão grandes ou até maiores que suas seleções e não se interessam mais em ajudar a seleção. Para piorar, a convivência entre a entidade e a FIFA é péssima há décadas.

A Copa vem mostrando jogadores milionários, mimados, enfastiados e felizes com a eliminação de suas seleções, porque o Mundial ocorre bem no meio de suas férias. Isso significa que alguns terão férias apenas em 2011, após uma extenuante temporada encerrada.

O inverso ocorre na América do Sul. Nossos clubes estão cada vez mais pobres e alijados de bons jogadores, mas as seleções vibram com o aprendizado dos jogadores na Europa e com a eterna renovação e valorização financeira de seus atletas.

Os dois caminhos são ruins: enfraquecer seleções ou os times está longe de ser saudável. Mas, pense em termos de Copa do Mundo: um torneio curto, de apenas sete jogos onde você precisa de jogadores em boas condições físicas e técnicas.

Quase todas os times europeus chegaram baleados em termos físicos e psicológicos. Alguns escalam jogadores sem as mínimas condições. Por essa razão temos dois times da Concaf nas oitavas (EUA e México), dois asiáticos (Japão e Coréia do Sul) e poderemos ter os cinco sul-americanos, fato inédito em Copas.

A mácula vem do continente africano, tendo apenas Gana na fase final. As seleções africanas ainda não aprenderam a encontrar um equilíbrio entre o talento natural e a disciplina européia de treinadores preocupados apenas em encher os bolsos.

Além disso, há o eterno problema de arrogância dos principais craques do continente - Samuel Eto'o e Didier Drogba são os melhores exemplos.

O resultado é que temos boas chances de termos duas, três ou até quatro seleções sul-americanas nas semifinais, ou, pelo menos, ausência de algum time europeu entre os quatro primeiros, algo inédito.

O que a Europa pode fazer para reverter isso? Quase nada. É um problema insolúvel e que pode piorar muito nos próximos 10, 20 anos.

E, dessa maneira, técnicos arrogantes, como José Mourinho, dirão que dirigem times mais fortes que as seleções nacionais e que o torneio entre clubes é o ponto máximo da carreira de qualquer treinador ou jogador. É verdade: ele vence a Liga dos Campeões e deixa a Copa para Brasil, Argentina e os outros países do terceiro mundo.

Deve ser por isso que a Inter - pentacampeã italiana - não cedeu jogador algum para a Squadra Azzurra no Mundial. Zero.

Valeu portuga. Adoramos a troca. Se bem que se não fossem Júlio César, Maicon, Lúcio, Cambiasso, Zanetti e Milito sua vida teria sido um inferno, não?

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