Os frequentadores mais jovens deste blog talvez já tenham ouvido falar da "Lei de Gérson", mas possivelmente não devam saber exatamente do que se trata. Esta lei (que nunca foi escrita, na verdade) fala sobre a necessidade quase patológica de que o brasileiro gosta de levar vantagem em tudo.
De forma infeliz e injusta, o craque Gérson, meia-armador da seleção brasileira que foi tricampeã mundial no México, em 1970, acabou tendo seu nome associado à tal lei em razão de ter gravado um comercial da marca de cigarros Vila Rica, em 1976, onde eternizou a frase "gosto de levar vantagem em tudo, certo?".
Neste domingo, a famigerada "Lei de Gérson" foi indiretamente evocada após o segundo gol do Brasil contra a Costa do Marfim, marcado por Luís Fabiano. Um golaço, com direito a dois chapéus. Um gol para entrar na história das Copas do Mundo, não fosse por um simples detalhe: o gol foi ilegal! A evidente condução da bola com o antebraço de Luís Fabiano já serviria para anluar a belíssima jogada. Uma pena, pois o lance foi lindo, mas fazer o quê?
Só que mais uma vez, a "Lei de Gérson" fez a pachecada que acompanha a seleção - e até alguns renomados profissionais de imprensa, é bom que se diga - esquecerem toda a ilegalidade do lance. O que vale é comemorar.
No Twitter, logo após o gol, o apresentador da Globo, Luciano Huck, foi o primeiro a apelar para o pragmatismo gersiniano. "A regra é clara: 2 chapéus seguidos da (sic) direito a uma ajeitadinha com o braço, né não?". Mais tarde, em uma mesa redonda, um comentarista se dizia aliviado (!!!) pelo fato do juiz não ter anulado o gol do brasileiro.
Incrível a forma pela qual o brasileiro analisa certas coisas. Embora o coitado do Gérson tenha sido vítima de um infeliz texto publicitário, o fato é que a praga do "levar vantagem em tudo" está impregnada na alma nacional. E quando o assunto é futebol, ela fala mais alto.
Particularmente, não tenho a menor vontade em festejar um gol ilegal da seleção brasileira como este de Luís Fabiano, embora tenha sido um golaço. E conheço muita gente que pensa como eu. Porém, boa parte acha que ganhar a Copa "levando vantagem em tudo"´é muito mais bacana.
Desta turma aí eu quero distância, viu!
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