Terminou nesta quarta-feira uma das polêmicas mais insuportáveis nos últimos tempos: a situação do Estádio do Morumbi como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014, que será organizada pelo Brasil.
E terminou com o anúncio oficial da exclusão da arena do São Paulo da lista do comitê organizador e da Fifa. No lugar do Morumbi, até para a capital paulista não fique fora do Mundial, fala-se abertamente na construção de um novo estádio, localizado na região de Pirituba e já batizado "carinhosamente" de Piritubão, custando imorais R$ 700 milhões, pagos com o dinheiro adivinhem de quem. Outros também argumentam que cresceram as chances da Arena Palestra Itália ser apresentado como opção para São Paulo, caso a cidade não receba o jogo de abertura da Copa-2014.
Mas uma análise um pouco mais profunda precisa ser feita a respeito deste polêmico caso, cheio de idas e vindas, verdades (?) e mentiras (muitas), como este blog publicou em fevereiro. Sem paixões clubísticas ou interesses políticos.
Em primeiro lugar, a culpa da diretoria do São Paulo neste caso. Os cartolas tricolores têm uma parcela de responsabilidade grande neste episódio. Ou alguém pode imaginar que lá dentro dos muros do Morumbi eles não tinham a real noção de que não teriam condições de arcar com os custos astronômicos exigidos pela Fifa para a adequação do estádio? Por que ficaram protelando até o último momento, exigindo algo que não teriam competência de fazer? Será que o Juvenal Juvêncio acredita em Papai Noel ou em encontrar um pote de ouro no fim do arco-íris?
Agora, a questão da CBF. Que ninguém seja ingênuo em acreditar piamente nas palavras de Ricardo Teixeira. Se o São Paulo fosse seu aliado político, ou no mínimo mantivesse uma posição de neutralidade, duvido que o Morumbi não seria considerado apto para receber partidas da Copa, até mesmo o jogo de abertura.
Pelo que me consta, o Maracanã, que deverá abrigar a decisão do Mundial, já teve seu projeto de reforma rejeitado. Nem por isso lemos ou ouvimos declarações de ameaça ao maior estádio brasileiro. Sem falar nos demais projetos brasileiros, que nem saíram do papel ainda. Ou seja, o interesse político, pelo fato do São Paulo ter votado contra o candidato de Teixeira na eleição do Clube dos 13, teve um peso decisivo.
O lado da Fifa também é questionável. Como mostrou a Folha de S. Paulo na edição desta quinta-feira, os "defeitos imperdoáveis" que a entidade apontava no Morumbi não foram considerados pecados mortais para a Copa da África do Sul e nem mesmo no badalado Mundial da Alemanha em 2006. Estádios sul-africanos estão repletos de pontos cegos (como também o Olímpico de Berlim), com problemas de acesso graças ao trânsito congestionado e em alguns deles as arquibancadas ficam muito elevadas, deixando o torcedor distante do campo. Tudo aquilo que a Fifa criticou duramente no Morumbi. Estranho, não?
Por fim, a questão do Piritubão. Em sua edição de hoje, o Diário de S. Paulo traz ótima reportagem mostrando onde será erguida a nova arena, que deixaria a cidade de São Paulo em condições de receber o jogo de abertura. Duro é acreditar que naquele matagal todo, em apenas quatro anos, será construído um estádio "padrão Fifa". Quer dizer, será erguido, atendo a interesses sabe-se lá de quem e custando um valor indecente, provavelmente com dinheiro público. Tudo isso para receber seis ou sete jogos da Copa do Mundo. Depois, já se fala que o Corinthians herdará a nova arena.
Diante de tudo isso, muito cuidado com o que ler ou ouvir a respeito do novelão Morumbi-Copa 2014. Porque a verdade neste episódio ainda está muito distante de aparecer.
2 comentários:
A exclusão do Morumbi é lamentável, porém bem feito para a diretoria do São Paulo, que mais uma vez tropeça em sua empáfia. Lamento pelo dinheiro que será gasto na construção de uma nova arena, isso é imoral, porém alguém duvidava que decisões assim iriam ser tomadas!? E isso é apenas o começo...
Agora o amigo entende o motivo pelo qual sempre critiquei a Copa do Mundo no Brasil, assim como as Olimpíadas no Rio de Janeiro!?
Abraço
Fabio Salgueiro
Perfeito, Laguninha. É hora de todos abrirem o olho e deixarem o lado torcedor de lado. E é claro que a diretoria do São Paulo também tem culpa. Tentou ser esperta, mas se esqueceu de ver com quem estava lidando... Abraços
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