São poucas as minhas lembranças de Roberto Dias em ação com a camisa do São Paulo. Quando passei a ter idade para meu pai me levar ao Morumbi, ele já estava na fase descendente de sua carreira. Devo tê-lo visto em campo no máximo umas quatro ou cinco vezes. Mas nem parecia, pois já tinha ouvido muitas histórias sobre Roberto Dias.
O torcedor tricolor mais novo não tem idéia do que foi o período de 13 anos sem títulos que o São Paulo passou, entre 1957 e 70. Meu pai sentiu isso na alma e mesmo depois que as conquistas voltaram a surgir, ele não esquecia aqueles anos de frustrações e gozações de corintianos e palmeirenses.
Entre várias histórias que ele me contava daqueles anos duros, uma pelo menos não tinha sabor amargo: era sobre Dias, o zagueiro que não deixava Pelé jogar, gostava de lembrar o seu Rodolpho. O São Paulo montou times horrorosos naqueles anos bicudos, onde todo dinheiro era destinado para construir o Morumbi. Mas se havia algo que deixava o torcedor orgulhoso era ver Roberto Dias em campo.
Anos atrás, estive no Morumbi visitando um amigo que trabalhava na assessoria do São Paulo. Durante um passeio pelas instalações do clube, ele me cutucou e disse: “Você sabe quem é aquele velhinho ali?”. Fiquei olhando para aquele senhor de cabelos brancos, que fumava pacientemente um cigarro e reconheci Roberto Dias. Pensei em ir até lá para agradecê-lo pelos momentos de alegria que ele proporcionou à torcida tricolor e ao meu pai, em particular, mas desisti na última hora. Ontem, quando soube da notícia de sua morte, arrependi-me bastante de não ter feito aquele agradecimento.
Um comentário:
Laguninha, é a respeito deste lindo texto sobre o Roberto Dias que aproveito para inaugurar meus comentários neste blog e parabenizá-lo pela iniciativa. Apesar de ter nascido em 74, sempre ouvi belas histórias sobre o Dias. É um dos meus ídolos e me emociono ao ouvir quem o viu jogar. Abraços!
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