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terça-feira, 30 de junho de 2009

Ronaldo e a hipocrisia das concentrações no mundo do futebol


Quando um historiador se debruçar sobre jornais e páginas de internet daqui uns 50 anos, e pesquisar sobre a passagem de Ronaldo no Corinthians, certamente irá perceber que sua importância foi bem além das quatro linhas do gramado.

Nem falo sobre a óbvia importância do Fenômeno do ponto de vista midiático e de marketing - isso ele já havia demonstrado durante toda a sua carreira.

O que este imaginário pesquisador irá descobrir, porém, é a importância das palavras de Ronaldo em relação aos conceitos que estão arraigados há séculos no futebol brasileiro.

Ronaldo já atingiu um status em sua carreira no qual pode se dar ao direito de dizer o que pensa, sem pensar nas consequências. Algo típico de quem já vê o horizonte da bola se aproximar do fim. Mas nem por isso estas declarações podem ser classificadas como irresponsáveis ou fúteis.

Ele não pensou duas vezes em criticar duramente a falta de organização na festa da comemoração do título do Corinthians no último Campeonato Paulista. "Ah, ele está mal acostumado com a Europa", dirão os ardorosos defensores da verdadeira zona em que se transforma qualquer campeonatozinho em dia de decisão. Mas ele estava absolutamente certo!

E para piorar, o capitão William ainda se viu envolvido em meio a um incêndio por conta da agradável mistura de papéis picados com fogos de artifício!

Agora, Ronaldo volta a falar duro, desta vez atacando o excesso de dias de concentração do Corinthians, dois dias antes da decisão da Copa do Brasil, principal objetivo do seu clube nesta temporada. Diz que o time se concentra demais e que mal tem tempo de ficar com sua família. E ainda usou como exemplo o vitorioso Barcelona, que só se concentrou pra valer às vésperas da decisão da Liga dos Campeões, isso por ter sido obrigado pela Uefa.

Para completar, soltou esta frase sensacional: "Não existe nenhuma garantia de que concentração dá certo. Se desse, time de presídio era campeão de tudo".

Com certeza, nem Mano Menezes, muito menos o presidente Andrés Sanchez, irão mudar de opinião apenas em razão das críticas de seu mais badalado jogador. Mas o importante é que Ronaldo colocou o dedo na ferida.

Concentração não serve para nada, apenas para jogador ficar navegando na internet madrugada adentro, teclando no MSN com sabe-se Deus quem e fazendo sei lá o quê. Ao invés de fazerem o óbvio: ficarem concentrados na partida.

Um comentário:

Markinhoz Braga disse...

Genial Laguna!
Arbitros não concentram, locutores não concentram, apresentadores do Oscar não concentram, presidentes de empresas não concentram antes de uma importantíssima reunião de negócios...
Vale repensar!

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