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sábado, 26 de setembro de 2009

Na reta final na campanha para as Olimpíadas de 2016, tem atleta sofrendo para conseguir apenas representar o Brasil

Daqui a apenas seis dias, será conhecida a cidade que irá ser a sede dos Jogos Olímpicos de 2016. O Rio de Janeiro está forte na briga e concorre com Chicago, Madri e Tóquio para vencer a disputa. Mas este não será um post sobre uma análise desta fase final da eleição.

Reproduzo abaixo um texto assinado por Luís Panizo, atleta do Tiro com Arco, que se prepara para a disputa do Sul-Americano Indoor e o Mundial Indoor de Tiro com Arco. Bicampeão brasileiro, Panizo faz um desabafo que merece ser levado em consideração neste momento tão importante na história do esporte brasileiro.

“Existe um grupo de políticos viajando para vários países, com certeza de forma confortável, hospedados em ótimos hotéis e comendo em bons restaurantes, com verba designada, para fazer a campanha pelos Jogos Olímpicos no Rio. Enquanto isto, vários atletas de várias modalidades treinam de maneira sacrificante e loucamente para representar bem o país, contra os melhores do mundo, numa cultura local que só valoriza os campeões.

Antes de Jogos Olímpicos serem realizados aqui, devemos melhorar a estrutura do esporte amador. Os responsáveis pelas conquistas e realizações são os atletas e não os políticos, que adoram aparecer na foto ao lado dos campeões, nunca apoiando os que perderam. Mas os políticos podem e devem ajudar os verdadeiros soldados desta guerra pacífica, e com muito menos verba do que custam super-caças e submarinos.

Sei que o “sistema” burocrático determina que a hierarquia do esporte é em forma de pirâmide com o COB (eleições indiretas na escolha dos dirigentes) no topo, depois as Confederações Nacionais de cada modalidade (também eleições indiretas na escolha dos dirigentes), mais abaixo as Federações Estaduais de cada modalidade (também eleições indiretas na escolha dos dirigentes) e, bem por baixo, os atletas, aqueles que fazem o esporte acontecer, disputar e conquistar, mas não podem votar e escolher estes dirigentes. Esta pirâmide deveria ser invertida, mas sei que é difícil mudar o “sistema” onde o poder determina, faz menos esforço e conquista algumas coisas paralelas. Se pelos menos fosse mais democrático, apesar de não ser um “sistema” perfeito, pelo menos teríamos a oportunidade de escolha e a co-responsabilidade pelos erros. Não tenho certeza, mas o Novo Código Civil não aconselha a mudança das lideranças pelo menos a cada dois mandatos??? Porque tem dirigentes controversos há muitos anos no poder do esporte??

Sei que vão dizer que existe a ”Bolsa Atleta” e outras “coisinhas” para apoio aos atletas, mas é só para alguns e escolhidos pelos dirigentes, que não escolhemos. Eu não posso falar com o Ministro ou outro, contar minha história e contar com estas “ajudas”. Tenho que seguir o “sistema”.Preciso de equipamentos importados para realizar minha difícil tarefa, mas só existem complicações e muitos impostos. Como o país se preocupa com o desporto amador?!!

Bom... tenho que voltar aos treinos, pois o desabafo é bom, mas tenho que treinar. Vou para a Argentina no mês de outubro, pagando do meu bolso para representar o meu esporte predileto e meu país. Pretendo trazer um título inédito para o Brasil e sei que posso, se Deus me ajudar e ninguém me atrapalhar. Quando digo “ninguém me atrapalhar” não estou falando dos atletas adversários, pois todos estão lá para vencer, estou falando de pessoas com atitudes destrutivas típicas do poder. Já participei de outras modalidades e sei que dar a própria opinião e que não seja a mesma dos dirigentes, significa problemas e, muitas vezes, aposentadoria precoce. Treino alguns outros atletas da equipe e sei que também poderão trazer títulos. O desafio é muito grande, mas podemos vencer, se não esta “guerra”, mas algumas “batalhas”.

O esporte nacional pode melhorar, mas algumas cabeças inocentes ainda vão rolar.”

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