Sergio Baresi é um dos técnicos interinos neste Brasileirão |
Marcelo Laguna, iG São Paulo
Uma rápida batida de olho nas fichas técnicas das 20 equipes que disputam o Campeonato Brasileiro nos traz um cenário raro e ao mesmo tempo significativo: a presença cada vez maior de treinadores interinos. Nada menos do que seis times – ou 30% dos participantes do torneio – estão sendo comandados atualmente pelos chamados “técnicos tampões”. E não são apenas equipes pequenas que optaram por este recurso. Times badalados como São Paulo e Santos também possuem um interino no banco de reservas.
“Na realidade, nunca liguei para essa história de interino. Tenho que fazer o que se espera de mim”, diz Sergio Baresi, justamente o mais contestado dos treinadores provisórios deste Brasileirão. Colocado no cargo dias depois da demissão de Ricardo Gomes, após a eliminação na Copa Libertadores, Sergio Baresi trabalhava nas categorias de base do clube e o principal feito em sua curta carreira foi ter conquistado a Copa São Paulo de Juniores deste ano. O seu salário, inclusive, é compatível com a experiência: apenas R$ 10 mil por mês, o mais baixo entre os 20 técnicos da Série A.
Só que os resultados não estão sendo aqueles que os dirigentes sonhavam. Em 13 partidas sob o comando de Baresi, o São Paulo obteve cinco vitórias, três empates e cinco derrotas. Se antes contava com Baresi para estimular o aproveitamento das revelações do CT de Cotia, agora o próprio presidente Juvenal Juvêncio está revendo os conceitos. “Ele é interino. Se não fosse, os senhores podiam me cobrar se eu vou amanhã ou depois contratar o novo técnico. Mas a interinidade responde às indagações”, disse o dirigente.
No Santos, a entrada de Marcelo Martelotte, que comandava o time sub-23 do time santista, foi a solução encontrada para resolver a crise entre o atacante Neymar e o treinador Dorival Júnior, que acabou sendo demitido por insistir no afastamento do jovem craque. Martelotte estreou no clássico contra o Corinthians (derrota por 3 a 2), depois viu seu time golear o Cruzeiro (4 a 1) e voltou a perder, desta vez para o Vasco (3 a 1, na última terça-feira).
Embora os jogadores tenham pedido sua efetivação, Martelotte sabe que terá vida curta no comando do time principal do Santos. “Continuaremos com muita tranquilidade, assim como o Marcelo. Mas não queremos técnico tampão", afirmou o diretor de futebol do clube, Pedro Luiz Nunes Conceição.
Alta rotatividade
O troca-troca no comando das equipes do Brasileiro tem sido tão constante que alguns times acabaram optando por protelar a contratação de um treinador efetivo. E não se pode argumentar que seja por falta de opções no mercado, pois estão disponíveis técnicos bastante experientes e badalados, como Vanderlei Luxemburgo, Émerson Leão e Antônio Lopes.
O Grêmio Prudente, sério candidato ao rebaixamento, já trocou quatro vezes de treinador neste Brasileiro. A última ocorreu com o pedido de demissão de Marcelo Rospide. Em seu lugar, na falta de um, são dois interinos: Marcio Barros, que já era auxiliar-técnico, e Fábio Giuntini, que assiste as partidas das tribunas e passa orientações via rádio.
O Ceará, que chegou a ficar entre os quatro primeiros no início do campeonato e agora briga para não entrar na zona da degola, também trocou quatro vezes de técnico. Por lá passaram Paulo César Gusmão (atualmente no Vasco), Estevam Soares e Mário Sérgio. Atualmente, o interino Dimas Filgueiras dirige a equipe.
O Vitória, que também ocupa uma posição intermediária na tabela, viveu um caso curioso. Até a decisão da Copa do Brasil, foi dirigido por Ricardo Silva. Depois, o clube trouxe Toninho Cecílio (ex-Prudente), enquanto Silva retornava à condição de auxiliar. No início de setembro, Cecílio foi demitido e a direção do time baiano optou pela alternativa mais fácil: voltou a colocar Silva no comando da equipe, mas novamente como interino.
*Com Levi Guimarães e Samir Carvalho
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