Nesta última terça-feira, em entrevista coletiva no Clube Pinheiros, as ginastas Daiane dos Santos e Laís de Souza anunciaram que passarão por cirurgias amanhã (23/10). Daiane será submetida a uma osteotomia, para endireitar o ângulo de seu joelho direito, e Laís passará por uma artroscopia para retirada de um pedaço de cartilagem do joelho direito.
As duas ginastas, integrantes da equipe brasileira que participou das Olimpíadas de Pequim, foram bem claras ao dizer que competiram "baleadas" e que nunca tiveram tempo necessário para fazer um trabalho decente de recuperação física. Daiane, por exemplo, sente dores no joelho desde os Jogos Olímpicos de Atenas, em 2004.
O médico Wagner Castropil, em matéria do repórter Alessandro Lucchetti na edição desta quarta-feira do Diário de S. Paulo, foi bem claro ao dar uma cutucada na Confederação Brasileira de Ginástica. Para ele, a CBG deveria contar com uma equipe multidisciplinar e assim tentar evitar tantos contusões.
Ele citou como um problema o fato das atletas terem que se submeter a uma dieta limitada a 800 calorias/dia. Isso dificultaria o processo de recuperação de lesões.
Só para lembrar, em setembro a ginasta Jade Barbosa esteve também envolvida em uma polêmica com a Confederação, graças as acusações de seu pai de que ela teria competido com uma grave contusão no pulso direito. Na mesma época, as ex-integrantes da seleção permanente, Maíra dos Santos e Roberta Monari, relembraram que tiveram problemas de lesões mal curadas (relembre a coluna Diário Esportivo que tratou sobre o tema).
Já passou do tempo para a CBG manifestar-se sobre todos estes problemas. Atletas de alto rendimento estão sujeitos a problemas físicos, ainda mais em um esporte de tão forte impacto como a ginástica artística. Mas este irritante silêncio coloca a entidade sob suspeita de estar preocupada apenas com os resultados e não com a integridade física de suas atletas.
Foto: Alaor Filho/Divulgação COB
2 comentários:
Também acho irritante esse silêncio. Se é verdade que o esporte de alto nível faz mal à saúde e que quase todos os atletas competem com dor, tudo tem limite. É ingenuidade esperar que essas meninas, que desde crianças vivem no rígido esquema de trabalho da seleção permanente, se revoltem e dêem um basta nessa situação. A responsabilidade é da confederação, que tira essas atletas de casa ainda crianças e permite que uma compita com o joelho torto e outra, com o pulso estourado.
Valeu pela visita, Marco. A CBG tem que se manifestar logo sobre isso, a situação está uma vergonha.
abs
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