Uma polêmica que agitou os principais veículos de comunicação e o meio automobilístico foi a confirmação de Nelsinho Piquet que ele continua, sim, empregado na equipe Renault, desmentindo informação dada pelo locutor Galvão Bueno em seu programa no Sportv, Bem, Amigos!, na última segunda-feira.
Reproduzo abaixo um post do blog do competente jornalista Flavio Gomes, que para mim traz a melhor análise sobre este tema tão barulhento:
Nelsinho Piquet acaba de anunciar (neste caso, o verbo cabe) em sua página no Twitter que corre na Hungria. E o fez mandando um recado (de novo bem-humorado) a Galvão Bueno, que “anunciou” sua saída ontem à noite na TV.
Valem algumas reflexões.
Não estou aqui, ao contrário do que muita gente vai imaginar, “comemorando” a “barriga” — jargão jornalístico para informações que acabam não se confirmando. Galvão tinha a informação ontem e deu, assim como nós, do Grande Prêmio, já havíamos informado sobre a cláusula de performance de Nelsinho meses atrás.
São duas as questões neste episódio. Primeiro, a performance de Nelsinho como piloto de F-1. Sua permanência na Hungria não faz com que eu mude uma vírgula sobre o que escrevi dois posts abaixo. Acho que uma substituição seria plenamente justificada, tecnicamente. Se o time vai lhe dar mais uma chance, ótimo para ele. Quem sabe dá uma virada e, com um carro igual ao de Alonso (que mostrou em Nürburgring ser melhorzinho, já que o espanhol fez a melhor volta da prova), consiga algo. Pode ser que o episódio todo do sai-não-sai também mexa com sua cabeça, se concentre mais, sei lá. Acho improvável, mas é a chance que ele tem, que agarre.
A outra questão é a jornalística. Reproduzo abaixo resposta que dei ao blogueiro Rafael Chinini sobre o post do início da madrugada de hoje, a história do “anúncio do Galvão”:
Realmente é difícil se fazer entender por aqui. Não esculachei notícia nenhuma, é notícia velha. A discussão é sobre o caráter oficial que as coisas ganham quando é a Globo (no caso, SporTV) que dá. Vira “anúncio”, como no caso da gravidez da esposa de Massa. Aí recebo dezenas de e-mails pedindo para comentar “o anúncio do Galvão”… A Globo, na sua linha ufano-nacionalista, não toca no assunto até que ele seja consumado, porque é contra a linha editorial da empresa fazer qualquer crítica aos atletas brasileiros em qualquer modalidade. Eles não erram, são suas equipes; eles não são lentos, são seus carros. A Globo criticou a preparação da seleção para a Copa de 2006? Não, tratou tudo como um show de estrelas, “suas” estrelas. Até o time ser eliminado de forma bisonha. Aí, quando acontece, parece que foi ela a única a ter a informação, e não é verdade. É só isso. Não estou preocupado com a paternidade da notícia. Isso é bobagem. Galvão, ontem, deu a notícia e emendou: “É cedo, não?”. Não, não é cedo. A honestidade jornalística exige que se diga: é justo. Porque o seu desempenho foi ruim etc e tal. Vocês estão achando que estou puto porque o Galvão deu um furo. Estou há muito tempo nisso aqui para não me preocupar com furos. No jornalismo de hoje, com tantos meios para se informar, há poucos furos.
Não sei se preciso dizer mais alguma coisa. A maioria entendeu meu comentário sobre o “anúncio” de ontem como um ataque pessoal ao Galvão Bueno. Não foi. A informação do Galvão, provavelmente, era boa. Tão boa quando a da cláusula de performance que a Globo sempre ignorou. De ontem para hoje, é provável que a demissão tenha sido revertida em conversas entre Nelson-pai e Briatore. Acho que o chefe foi convencido de que Nelsinho poderia argumentar em eventuais tribunais que sem equipamento igual, a cláusula perderia a validade. E voltou atrás numa decisão que já tinha tomado.
Não vou achar o jornalismo esportivo da Globo melhor ou pior porque a informação do Galvão não se confirmou. Considero-o ruim, independentemente do que aconteceu entre ontem e hoje. Porque é baseado numa linha com a qual não concordo, de levantar a bola de tudo e de todos ao sabor de seus interesses, porque é incapaz de dizer que um jogo é ruim, ou que um piloto brasileiro é fraco, ou que uma seleção está se preparando mal, ou que uma delegação olímpica é exagerada, ou que o Nuzman é uma droga de dirigente, é um pseudojornalismo que vende emoções baratas, e não informações caras. Não critica, faz oba-oba; afirma que o Brasil é uma potência olímpica, e não é; defende os Jogos no Rio e não discute sua necessidade; fechará os olhos para a roubalheira que vem por aí na Copa/2014, porque o evento é dela; estimula a promiscuidade nas relações entre jornalistas e fontes, são todos amiguinhos e o mundo é cor-de-rosa.
O mundo, infelizmente, não é cor-de-rosa.
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