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quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Ary Graça não quer largar o osso

Ary Graça, presidente da CBV: em defesa da cadeita cativa dos cartolas

"Coincidentemente, as confederações que têm presidentes há mais tempo no poder são as dos esportes mais conhecidos. Então, não há polêmica." A declaração do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ary Graça, à reporter Mariana Bastos, da Folha de S. Paulo, publicada nesta quarta-feira, mostra de forma clara como funciona a cabeça dos cartolas brasileiros.

Ninguém aqui vai discutir a competência de Graça no comando da CBV, especialmente nos últimos dez anos, período em que a seleção masculiona adulta tornou-se a melhor equipe do mundo, além da feminina ter conquistado a medalha de ouro olímpico em Pequim-08. Sem contar as inúmeras vitórias em competições internacionais nas categorias de base. O vôlei é um case de sucesso no universo esportivo brasileiro.

Isso não significa que o vôlei é imune a erros. Muito pelo contrário. A própria Superliga, lançada com pompa nesta última terça-feira, em São Paulo, é cheia de problemas, com algumas equipes muito fortes, com astros campeões olímpicos e mundias, e outras que sofrem para pagar as contas. Os campeonatos regionais, especialmente em São Paulo, são bizarros.

A questão do continuísmo, tão defendida por Ary Graça, é algo que não combina com o sucesso do vôlei dentro das quadras. O cartola argumenta, dentro de uma lógica totalmente discutível, que a CBV é como uma empresa que dá lucros, e que ninguém manda embora o presidente quando a empresa ganha dinheiro.

O que talvez Ary Graça desconheça é uma palavrinha conhecida, muito em moda atualmente, mas cuja prática é difícil de se implementar: democracia. Não há sucesso completo quando não há troca no poder.


E o pior foram os exemplos citados pelo presidente da CBV à Folha  como casos que justifiquem a longevidade no comando de suas confederações, como Coaracy Nunes (natação), Roberto Gesta de Mello (atletismo), Ricardo Teixeira (futebol) e Alaor Azevedo (tênis de mesa). Exemplos nos quais, com exceção do tênis de mesa, os resultados esportivos até apareceram, mas cujas gestões estão repletas de problemas e, em alguns casos, até denúncias.

Meu caro Ary Graça, por mais que você não queria aceitar, no esporte, assim como na vida, quando não há democracia, alguma coisa está errada.

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