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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Imprensa brasileira deveria fazer uma reflexão com a novela Ronaldinho Gaúcho



"Fla teria carta na manga para ter Ronaldinho Gaúcho"

"Por mim já estaria com a camisa do Grêmio, diz Ronaldinho"

"Grêmio avisa que Assis vai ao Rio para assinar rescisão com Milan"

"Pescarmona mantém confiança em acerto com Ronaldinho"

"Ronaldo diz que Ronaldinho Gaúcho será feliz se escolher o Corinthians"

"Andrés oferece R$1,8 milhão por mês a Ronaldinho"

(Manchetes de sites esportivos e jornais nos últimos dias, por conta da novela Ronaldinho Gaúcho)

Sem medo de errar, posso afirmar que o fato mais babaca e esdrúxulo de 2011 é a novela envolvendo a negociação para a contratação de Ronaldinho Gaúcho, que desperta o desejo de quatro clubes brasileiros: Grêmio, Flamengo e Palmeiras, oficialmente, além de Corinthians, que quer mas não admite.

Querer exigir uma postura ética e coerente de empresários, dirigentes e jogadores de futebol, é uma grande piada. Todos estes lados não estão nem aí para o que a opinião pública pensa a respeito de verdadeiras palhaçadas como esta. O exemplo máximo de fanfarronice aconteceu nesta quinta-feira, com a entrevista coletiva mais inútil desde que Gutemberg inventou a imprensa.

Um lixo total, uma incrível perda de tempo. Patético é a palavra que melhor define o que Ronaldinho e o irmão Assis Moreira protagonizaram no Copacabana Palace, ao lado do vice-presidente do Milan, Adriano Galliani. Convocar uma coletiva para dizer que Ronaldinho agora começará a negociar com os clubes interessados, enquanto o Milan diz que ainda aguarda um desfecho para liberar o jogador, é querer chamar todo mundo de tapado.

Mas a grande derrotada, em toda esta história, é a imprensa esportiva brasileira. Todos os veículos - eu disse todos - levaram um olé daqueles que Ronaldinho fazia nos tempos em que foi melhor do mundo. E parte deste olé ocorre por culpa da própria imprensa, vítima destes tempos em que a informação corre mais rápido do que um foguete, e onde uma declaração isolada aqui, outra publicada em um portal estrangeiro ali, acabam adquirindo um peso enorme.

Hoje em dia, a pressa em querer soltar a informação em primeiro lugar - atenção, não sou contra o "furo", jornalista precisa sempre procurar a notícia exclusiva, está no DNA da profissão - muitas vezes joga a precisão jornalística na lata do lixo. E quando um publica algo que pode não ser verdade, o outro se sente obrigado a ir na mesma linha. E quando por trás de tudo isso está um empresário fazendo um leilão pelo irmão, o jornalismo perde de goleada.

A imprensa esportiva brasileira precisa repensar seus conceitos de forma urgente. Tratar esporte como entreterimento, show, pode ser muito legalzinho até certo ponto. Mas tudo tem limite. Criar notícia em cima do que ainda não existe não é informação, mas desinformação. "Bombar" notícia é uma grande bomba. Pra não dizer uma outra palavra que também começa com a letra "B"...

Um comentário:

Matheus Adami disse...

Você matou a charada. Se um publica - esqueçamos aqui que seja, necessariamente, verdade - todo mundo corre atrás. Por pressão da chefia, donos, enfim, mais do que por faro jornalístico mesmo. E o leitor que se exploda...

Que bom ver que temos chefes conscientes como o sr, Lagunasso.

Abraço e continue com nossas amadas cheerleaders!

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